34b E ninguém ousava mais interrogá-lo.
Depois de ter sido posto à prova, como se tivesse sido "examinado" a respeito de Seus conhecimentos, tendo-Se saído bem de todos os quesitos que Lhe foram propostos, volta-se agora o Mestre e lança uma só pergunta, dirigida ao grupo de fariseus ali na expectativa. E de tal sutileza foi, que nada puderam responder, nem mesmo conseguiram sair do embaraço com um sofisma! Só o silêncio. Emudeceram.
E depois disso, "ninguém ousou mais fazer-lhe perguntas": o Mestre estava muito acima de todos eles, reconheciam-no, e nada adiantava terçar armas de inteligência e de conhecimento. Só poderiam vencê-lo, como queriam, com as armas da violência. E, como todos os involuídos do Antissistema, apelaram para a violência, cuidando destruí-Lo, sem sequer desconfiar que essa mesma violência por eles praticada representava um imperativo histórico, e provocou para Ele a conquista de mais um passo evolutivo e a vitória total sobre a "morte".
Isso ocorre com frequência entre as criaturas do pólo negativo: pensando que destroem, provocam evolução; crendo deter, impulsionam maior velocidade; julgando que derrubam, elevam; pretendendo matar, dão vida mais abundante.
Jesus pede as opiniões deles a respeito do Cristo (no sentido de "messias"). "De quem é filho"? A resposta poderia ter sido dada por qualquer pessoa, qualquer criança israelita: filho de David. A referência é dos protetas: IS
A exegese bíblica era o "forte" dos fariseus e escribas. Todos os textos eram estudados e perquiridos (embora, na prática, apenas intelectualmente), mas muitos trechos resultavam obscuros, inexplicáveis, incompreendidos. É um desses trechos que Jesus sorteia como ponto de exame, embora sabendo que todos eles "cristalizariam" diante do enunciado da pergunta.
O Salmo (110:
1) é citado pelo texto dos LXX: "disse o Senhor ao meu Senhor", pois o texto hebraico massorético está: "disse YHWH ao meu Senhor".
E a pergunta sibilina: se é filho dele, como o chama Senhor?
Os comentaristas das teologias ortodoxas escapam da dificuldade dizendo simplesmente que em Jesus há duas naturezas, a humana, descendente de David, e a divina, como segunda pessoa da Trindade.
Entreviram a realidade, mas não na compreenderam in toto, por faltar-lhes dados concretos de um conhecimento que foi perdido através das gerações, que se voltaram para as exterioridades, perdendo contato com as liçôes-mestras das iniciações antigas.
Provém a confusão da má interpretação dos textos escriturísticos, tomados à letra e moldados segundo teorias prefabricadas, ao invés de serem olhados no sentido em que foram escritos. Daí confundirse causa com efeito, atribuindo ao Cristo o segundo lugar ao invés do terceiro, na expressão da Divindade, esquecendo-se, ao mesmo tempo, a imanência, e só se considerando a transcendência. Daí o conceito distorcido e o privilégio incompreensível, da Divindade imanente só em Jesus, ao passo que em todas as outras criaturas estava imanente o Diabo, de cujas mãos o messias teria vindo arrancar a humanidade...
Essa concepção teológica, basicamente distorcida, foi causa de muitos outros erros consequentes.
Voltando, porém, ao verdadeiro conceito da Trindade considerada em Seus três ASPECTOS (não trê "pessoas" - embora nos primeiros tempos, a palavra "pessoa" em latim e "prósôpon" em grego, significassem realmente "aspectos", "aparências"), e colocando a sequência na ordem certa: (1) Espírito Santo; (2) Palavra Criadora, Som; (3) Cristo (Filho Unigênito), como representação de tudo o que existe espiritual e material (efeito do SOM que é a causa, e resultado da condensação da LUZ e do SOM incriados) - tudo se esclarece e explica com lógica irrespondível, de acordo com a verdade (isto é, com a verdade que pode ser atingida por nós atualmente, da mesma forma que a explicação dada e que criticamos, era a única verdade possível de ser captada pela evolução dos estudiosos daquela época).
Atualmente, pelo contato refeito com as doutrinas iniciáticas antigas (sobretudo através do Espiritismo, da Rosacruz e da Teosofia) torna-se clara e evidente a pergunta de Jesus, que distingue categoricamente o CRISTO, de JESUS (como o fará mais taxativamente ainda no próximo capitulo MT
A LUZ (Espírito-Santo), baixando Sua vibração, produz o SOM (Logos 5erbo, Palavra) que, como PAI, gera as vibrações perceptíveis do CRISTO CÓSMICO (filho realmente UNIGENITO) que dá origem a tudo ("todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada foi feito", JO
Esse Cristo Cósmico, portanto, o terceiro aspecto que a Trindade assume, está DENTRO DE TUDO, e nós O denominamos didaticamente, o Cristo INTERNO, a Centelha Divina, o Átomo Monádico, etc.
Em nós outros, a personagem é demais grosseira e O oculta totalmente, sendo Ele como uma lâmpada acesa dentro de um revestimento de barro opaco e rude. Em Jesus, ser humano evoluidíssimo, o revestimento da personagem estava purificado: é como uma cobertura de cristal puríssimo, que deixa ver a lâmpada acesa em seu interior. Por isso, olhando para Jesus, vemos nele O Cristo em todo o Seu esplendor. Essa visão começou a dar-se quando, em profundo ato de humildade, Ele aniquilou a sua personalidade, ao submeter-se ao mergulho diante de João Batista, seu inferior hierárquico. Foi a última renúncia de Jesus, ao seu eu menor personalístico, anulado daí em diante. Por isso, Ele passou a denominar-se, com justiça, JESUS, O CRISTO.
Daí dizermos que os cristãos das religiões ortodoxas não deixam de ter sua razão, quando afirmam que em Jesus havia duas naturezas: a humana (Jesus) e a divina (o Cristo). Só que eles limitam a Jesus esse que lhes parece um "privilégio", quando, ao invés, isso deverá ocorrer com todos os seres.
A segunda interpretação prende-se à Fraternidade Branca - a Hierarquia que se manifesta em Shamballa - e que está, no planeta Terra, como representante da Verdadeira Fraternidade Branca Suprema, existente num planeta da constelação de Sírius, constelação que é o núcleo central da molécula de nosso Universo, molécula denominada pelos cientistas de Galáxia, da qual nosso Sistema Solar é simples átomo.
Anteriormente, o Cristo Cósmico se tornou visível em outro ser humano, cujo nome é Maytréa, e por isso também Ele é denominado Maytréa o Cristo.
No Supremo Conselho da Fraternidade Branca de Shamballa, sob a chefia de Sanat Kumara (que a Bíblia denomina Melquisedek ou o Ancião dos Dias - e em Hebreus (Hebreus
O Apocalipse de João, em seu cap. 4. º, descreve a visão que ele teve da sede dessa Fraternidade Branca no mundo espiritual (Shamballa). Aí viu um trono, "no qual estava sentado UM", e ao lado desse trono outros vinte e quatro, onde se achavam outros tantos anciãos de vestes brancas, coroados de ouro: é o que conhecemos como o "Grande Conselho de Shamballa".
Diante do trono havia "sete Tochas de fogo, que são os sete Espíritos de Deus", assim representados os chefes dos sete Raios; e ainda em redor do trono "quatro Seres viventes", simbolizando os denominados três Buddhas ("iluminados") mais o Cristo-Maytréa.
Representante dos sete Espíritos de Deus (cfr. cap. 5), e englobando em si a força deles (sete chifres) e o conhecimento deles (sete olhos), um dos sete sacrificou-se, encarnando na Terra com o nome Jesus, e por seu sacrifício de amor foi comparado a um Cordeiro que, ao regressar, recebeu as homenagens de todos e a glorificação merecida.
O "UM", sentado no trono, é, exatamente, o "Ancião dos Dias" ou Melquisedek (Sanat-Kurnara) a Quem Jesus denomina "O Pai", afirmando ser "UM com Ele".
Segundo essa teoria, alguns místicos - embora aceitando como legítima a primeira tese que expusemos - atribuem a classificação de "Cristo" a um lato diferente. Ou seja, durante o ministério de Jesus encarnado no planeta, e a partir do mergulho diante de João Batista, o Cristo-Maytréa uniu-se a Ele, e os dois trabalharam identificados durante aqueles anos. No momento em que Jesus se submetia à quinta iniciação, na Cruz ("morte de Osíris"), é que o Cristo-Maytréa deixou que Ele galgasse sozinho esse degrau de tão grande importância, permanecendo-Lhe ao lado, embora não unificado com Ele.
Em conclusão, pois, dizem esses místicos que o atributo "Cristo" é devido à união com Maytréa, e não pela permeabilização total do Cristo Cósmico em Jesus - ainda que essa permeabilização tenha sido real, mas não perceptível ao ponto de justificar o atributo. A outra união (com Maytréa), sendo mais fácil de perceber-se, é que lhe provocou o título de Cristo.
Hipótese que pode ser aceita, mas que não invalida a outra. A palavra Christós em grego significa precisamente "ungido", ou seja "permeado" pela Força Cristônica divina (como ocorre com Maytréa) e não simplesmente "mediunizado" nem "unificado" a outro ser humano, ainda que esse outro ser esteja, ele mesmo, "permeado" pela Força Cristônica.
Julgamos, pois, - salvo erro de nossa parte, o que é bem possível que a primeira tese é mais válida, sem que afaste a hipótese de que Maytréa o Cristo tenha trabalhado unido a Jesus, o que nos parece perfeitamente lógico e viável.
Por fora desses que, à época, eram "segredos iniciáticos", os letrados nas Escrituras - título que bem exprime o que eram: intérpretes da letra - não podiam perceber o alcance da pergunta, e calaram. O ponto sorteado para exame era de curso superior, e eles estavam no curso primário: só o silêncio lhes cabia.
Mas a tese ficou posta, para que a humanidade, mais tarde, pudesse basear-se nessas palavras a fim de penetrar o sentido profundo e oculto.
Mas não podemos deixar de salientar o que se diz de David: que falou "em espírito", isto é, mediunizado por um Espírito que era Santo: escreveu divinamente inspirado.
Salientemos, ainda, a diferença importantíssima que existe entre os dois termos: a DIVINDADE ABSOLUTA, Suprema e Impenetrável, e DEUS, termo que se refere a um Espírito-Guia.
Os deuses tinham manifestações várias, de acordo com sua evolução própria, desde o Deus-Máximo da Terra, Melquisedek, o Ancião dos Dias até o Deus Guia-Nacional dos judeus, o "nosso" Deus, YHWH, e os guias individuais de cada criatura.
A hierarquização é segura e rígida, mas todos, por falta de outro termo, são chamados "deuses": os elohim que plasmaram como arquitetos o planeta e presidiram à evolução de todos os seres e do homem, que eles fizeram à sua semelhança; os elohim que dirigiam outras nações, embora alguns bem atrasados ainda, como Moloch, Baal, etc., de espírito sanguinário; os elohim que dirigiam o Egito, a Grécia, a Fenícia, a Babilônia, a Caldeia, a Índia, Roma, as Gálias, etc. etc., todos eram denominado "Deus".
Nem por isso, entretanto, se justifica o crasso erro histórico de classificar esses povos de "politeístas" no sentido moderno dessa palavra, pois embora os "deuses" (Espíritos-Guias) fossem numerosos, a DIVINDADE SUPREMA era urna só para todos (a massa ignara do povo é que não entendia isso, como até hoje).
Eles eram "politeístas", sim, mas no sentido que os antigos emprestavam a esse termo: reconheciam muitos Espíritos Guias (deuses). E o "monoteísmo" mosaico apenas dizia reconhecer UM ÚNICO ESPÍRITO GUIA para todos os israelitas: YHWH, e proibia contato psíquico com outros Espíritos-Guia "estrangeiros" ...
Todos, porém, - pelo menos os espíritos evoluídos - só aceitavam uma Divindade Suprema e Absoluta.
Nasceu a confusão da ignorância que via, nos Espíritos Guias, a Divindade Máxima, coisa corriqueira aos indivíduos profanos, que jamais passaram pelas Escolas iniciáticas, existentes desde o longínquo passado (e diga-se de passagem: que ocorreu até mesmo entre os próprios israelitas e seus sucessores, os católicos, que elevaram o Espírito Guia YHWH à Suprema Divindade, personalizando e dando forma humana ao Absoluto...) .