Sabedoria do Evangelho - Volume 7

CAPÍTULO 19

DESTRUIÇÃO DO TEMPLO



MT 24:1-2


1. Tendo Jesus saído do templo, retirava-se, e chegaram-se os discípulos dele, mostrandolhe as edificações do templo.

2. Ele, porém, respondendo disse-lhes: "Não vedes tudo isso? Em verdade vos digo, não será deixada aqui pedra sobre pedra que não seja derrubada".

MC 13:1-2


1. E saindo ele do templo, disse-lhe um de seus discípulos: Mestre, olha que pedras e que edificações!

2. E Jesus disse-lhe: "Vês essas grandes edificações?

Não será deixada aqui pedra sobre pedra que não seja derrubada".




Neste trecho, há discordância entre os narradores. Enquanto Mateus nos mostra Jesus já fora do templo a retirar-se, Marcos coloca o episódio no momento mesmo da saída, e Lucas não nos diz o local: apenas, pelo aceno aos "donativos", faz supor que estivessem ainda no templo, embora nada impeça que a referência a eles tenha sido feita fora do ambiente.

Pela sequência, vemos que Jesus saiu pela porta de leste, descendo pelo declive do Cedron para, logo após, subir a rampa do monte das Oliveiras. Desse local a vista era maravilhosa, podendo contemplarse toda a magnificência do templo. Flávio Josefo (Bellum Judaicum, 5, 5,
6) assim no-lo descreve: "Tudo o que havia no exterior do templo alegrava os olhos, enchia de admiração e fascinava o espírito: era todo coberto de lâminas de ouro tão espessas que, desde o alvorecer, se ficava tão ofuscado quanto pelos próprios raios solares. Dos lados em que não havia ouro, tão brancas eram as pedras que essa massa soberba parecia, de longe, aos estrangeiros que o não conheciam, uma montanha coberta de neve".

Toda essa riqueza fora aí colocada por Herodes o Idumeu, que ampliara o templo de Zorobabel: o pórtico de Salomão, uma cobertura sobre colunas, corria a leste; o pórtico real dominava o Tiropeu. Os recintos internos e o tesouro assombravam os visitantes e constituíam o orgulho dos israelitas.

Ora, os discípulos de Jesus participavam desse ufanismo, e por isso um deles lembra-se de chamar a atenção do Mestre para a maravilhosa construção. A resposta de Jesus constituiu uma ducha de água gelada sobre o calor do entusiasmo deles. "Não ficará aqui pedra sobre pedra".

A profecia cumpriu-se à risca no dia 9 de âb (agosto) no ano 70. Flávio Josefo (Bell. JD 5. 5. 1-2 e Ant. JD 15. 11-3) anota que Tito Lívio fez tudo para salvar o templo da destruição. Mas, depois que uma tocha, lançada por um soldado, iniciou o incêndio "que se propagou como um relâmpago" (são palavras dele, Bell. JD 6. 4. 3-6), Tito ordenou que não só a cidade, mas o próprio templo fossem totalmente arrasados.

Aqui temos a motivação de um fato, a fim de permitir sua posterior explicação e a explanação do ponto a desenvolver. Para conseguir a oportunidade de documentar as lições a respeito da "destruição do templo" e do "término do eon", os evangelistas partiram de uma pergunta que interessaria profundamente a todos. E as predições como toda linguagem profética, apresentam temática confusa, de forma a não elucidar senão aos que tenham consigo a "chave", que não devia ser divulgada ao grande público, a fim de evitar pânico, precipitações e erros prejudiciais.

A verdadeira lição será dada nos próximos capítulos.