Sabedoria do Evangelho - Volume 7

CAPÍTULO 30

O MAIOR SERVE AO MENOR



LC 22:24-30


24. Surgiu, também, neles, uma emulação, qual deles parecia ser o maior.

25. Ele disse-lhes: "Os reis dos povos dominam sobre eles e os chefes deles são chamados benfeitores.

26. Mas vós, não sejais assim, porém o maior em vós se torne como o menor e o presidente como o servidor.

27. Pois quem é o maior: o que se reclina à mesa ou o que serve? Não é o que se reclina?

28. Vós sois os que permaneceram comigo nas minhas experiências,

29. e eu vos confiro um reino, como o Pai me conferiu,

30. para que comais e bebais à minha mesa no meu reino; e vos sentareis sobre tronos para discriminar as doze tribos de Israel".



Não há confusão possível entre esta "emulação" ou rivalidade dos discípulos entre si e a narrada em outro passo (cfr. MT 18:1; MC 9:34 e LC 9:46; ver vol. 4), quando Jesus dá o ensino aos discípulos colocando uma criança no meio deles. Se aqui as palavras da lição são as mesmas que no episódio narrado em MT 20:20-28 e MC 10:35-45 (vol. 6), confessamos que pode ter havido uma interferência de uma lição em outra, tendo Lucas trazido para o episódio atual, o exemplo dos reis, que cabe melhor na pretensão dos filhos de Zebedeu.

Mas que é diferente este episódio de Lucas, prova-se pelo exemplo do que está à mesa e do que serve à mesa, típico e oportuno para a ceia que estava a começar.

Outro argumento de que essa discussão ocorreu no momento em que os discípulos se estavam a acomodar à mesa, cada qual julgando-se com direito de ocupar os primeiros lugares, é que vemos Jesus erguer-se de seu posto imediatamente, dando logo o exemplo pessoal do modo de servir, ao lavar os pés de seus discípulos, após o que repisa a lição.

Que os dominadores gostam de ser chamados "benfeitores", temos a prova em moedas e inscrições (p. ex. : Inscr. Graec. 12, 1, 978, onde Trajano é dito Soter e Evergetes, isto é, Salvador e Benfeitor).

Foi uma das mais completas e perfeitas lições do Cristo, a respeito da maneira de agir das criaturas.

Inicialmente, feita a provocação da aula, pelo fato de os discípulos disputarem os lugares, discutindo sobre precedências e méritos, é dada a teoria. Salienta-se a vaidade do homem que, se não ocupa a posição de rei sobre uma nação, quer desempenhá-la no próprio lar, julgando-se "o maior", o mais experiente, o mais capaz, e pretendendo que todos o considerem a figura máxima no pequenino reino doméstico, do qual se julgam benfeitores absolutos: todos lhe devem respeito, obediência e serviço. " Convosco assim não sela: o maior deve comportar-se como se fora o menor, e o presidente, como se fora o servidor de todos".

Os que estão à mesa do banquete não são mais importantes que aqueles que servem? No entanto, embora tenha recebido do Pai poderes sobre tudo, ali está o Mestre procurando servir: "Confiro a Vós os poderes que recebi do Pai, porque permanecestes a meu lado, em constante assistência, durante minhas experiências; e sentareis sobre tronos para discernir as tribos de Israel.

Também entrevemos, nesta lição, uma advertência da Individualidade à personagem, do Eu Profundo aos veículos mais densos: quando a personagem total serve integralmente ao Eu Supremo, ao Espírito, este pode dirigir-se a ela e, sem a menor dificuldade, conferir-lhe todos os poderes espirituais recebidos do Pai, inclusive a imortalidade. E além disso, em vista de a personagem haver permanecido fiel durante as experiências e provações duras do Espírito, concidá-la a sentar-se à sua mesa, n "Festim da Imortalidade", colaborando no governo do Planeta. Muitos avatares, entre os quais o próprio Jesus, assim agiram e agem, donde Paulo haver perguntado: "Onde está, ó morte, a tua vitória?" (1CO 15:55).