Sabedoria do Evangelho - Volume 7

CAPÍTULO 5

ENSINO NO TEMPLO



MC 11:18-19


18. Os principais sacerdotes e escribas ouviram isso e procuravam um modo de matá-lo; pois o temiam, já que todo o povo se admirava de seu ensino.

19. E logo que chegou a tarde, saíram da cidade.

LC 19:47-48


47. E todas os dias estava ensinando no templo. Mas os principais sacerdotes, e os escribas, e os anciãos do povo procuravam matá-lo.

48. E não achavam o meio de fazê-lo, porque o povo todo se fascinava ao ouvi-lo.

LC 21:37-38


37. Estava todos dias ensinando no templo e saindo, às noites, pernoitava no monte chamada Olival.

38. E todo o povo madrugava junto dele, no templo, para ouvi-lo.



Estes três pequenos trechos dão-nos conta das atividades de Jesus durante a semana da Páscoa.

Muitos comentadores estranham o que se encontra referido nas narrativas evangélicas, como realizado nos seis dias que vão de domingo, quando entra triunfalmente em Jerusalém, até a sexta-feira, em que foi crucificado. Tantos são os episódios, os discursos, as atividades que, de fato, dificilmente poderiam caber em seis dias. Baste dizer que levaremos provavelmente dois volumes para comentá-los. No entanto, como grande parte do ensino traz em si o simbolismo, acreditamos que houve alguma razão para essa aglomeração de acontecimentos. Não apresentamos, neste local, nenhuma hipótese para decifração dessa dúvida. O que for aparecendo, iremos gradativamente comentando.

Dizem-nos, pois, os trechos que Jesus durante o dia ensinava no Templo, e "às noites pernoitava no monte chamado Olival", embora já tenhamos lido que, também, se dirigia a Betânia.

O Monte das Oliveiras ficava entre Jerusalém e Betânia. Mas Jesus não estava só: seguiam-No os doze e mais as mulheres, que não abandonavam a comitiva. Será que todos dormiam ao relento, quando tão perto havia um lar com acomodações para todos? Esse tipo de perguntas está fadado a ficar sem resposta.

O fato é que as "autoridades" haviam resolvido (vol.
5) matá-Lo, para que lhes não perturbasse a vida; era melhor para salvação de todos que Ele fosse riscado na face da Terra. Assim poderia permanecer o statu quo, sem quaisquer contratempos políticos.

Mas matá-Lo à vista de todos poderia provocar uma rebelião na massa que adorava ouví-Lo. Buscavam, então, um modo de conseguí-lo às ocultas. E o descobrirão, como veremos, dando até a esse sacrifício o caracter de castigo a um criminoso.

O verbo "madrugava (orthrízein) é hápax no Novo Testamento, embora seja frequente seu emprego nos LXX. Releva salientar que alguns manuscritos (13 69:124-346 e
566) colocam, após o vs. 38, o episódio da "adúltera" (JO 7:53-8;11), talvez influenciados pelo verbo "madrugar".

Algumas palavras, apenas, para salientar o modo de agir das criaturas no Antissistema.

As autoridades - religiosas, civis ou militares que se encontram momentaneamente no ápice da vida social ou política, sempre se acreditam os donos da situação e os únicos competentes para governar, julgando os que estão abaixo coma inimigos potenciais que, se subirem, ocasionarão a desgraça do país (embora só causem a deles próprios pessoalmente). Dessa forma, qualquer pessoa ou entidade que lance ideias diferentes ou até mesmo que apenas conquiste crédito e força perante a massa popular, já de antemão está condenada como inimiga pública merecedora de ser combatida.

Foi sempre assim em todos os setores. Na antiguidade, o meio de acabar com esses líderes que, permanecendo fora do grupo governamental, subiam no conceito popular, era a morte: eliminados, cessava o perigo. Atualmente outros são os processos utilizados. Um dos mais correntes é o silêncio, pois quanto mais deles se falar, maior é a propaganda. Outro meio de largo emprego é a difamação, embora para isso se inventem calúnias.

De qualquer forma, porém, TÊM QUE SER DESTRUÍDOS, para salvar os homens que ocupam os postos chaves.

Como lição para nosso aproveitamento, temos a alternância do trabalho, durante as horas do dia, a serviço das multidões, com o período de oração contemplativa nas horas silenciosas da noite, com a elevação espiritual na paz da meditação, simbolizada pela expressão monte (elevação) das Oliveiras (da paz).

Sendo, entretanto, tão necessitada a humanidade, o serviço deve começar bem cedo (madrugada) no local de nosso trabalho, que deve constituir, qualquer que seja ele, um templo de amor e dedicação.