Segundo o testemunho de Mateus e Marcos, estavam reunidos na casa de Caifás os principais sacerdotes, os anciãos e os escriba: portanto o pessoal que constituía o Sinédrio. Marcos anota que estava "todos", mas deve ter havido generalização indébita, pois Nicodemos e José de Arimateia (cfr. LC
Como e por que lá estavam essas autoridades? Tendo fornecido os servos para a captura de Jesus, talvez ali tivessem ficado a conversar, enquanto aguardavam o resultado da "batida".
Mas o julgamento oficial do Sinédrio não se realizou em seguida, durante a noite, o que era proibido, sob pena de nulidade, quer pelo Talmud (Sanhedrin, 4, 5ss) quer pelo Direito Romano. Lucas diz claramente (22:
66) que o interrogatório foi feito "Logo que se tornou dia" (hôs egéneto hêmêra). E esclarece que não foi na casa de Caifás, e sim no Sinédrio (id. ib), na sala do Gagith, que os gregos denominavam" Conselho" (boulê ou bouleutêrion), que ficava a oeste do templo.
Por que tamanha pressa? Em vista da festa da Páscoa, que começava às 18 horas daquela mesma sextafeira, impondo o repouso sabático juntamente com o repouso pascal. Se houvesse delongas, havia, além disso, o temor de algum levantamento popular favorável ao prisioneiro. Por isso, precipitaram-se os acontecimentos.
com o Sumo-Sacerdote. E lança a hipótese de ter sido aquele jovem que fugiu nu (Marcos), que se vestira e acompanhava tudo: este morava em Jerusalém e devia pertencer a família abastada, como vimos.
Não vemos razão para isso. Primeiro porque esse jovem não é apresentado como "discípulo", como" um dos doze", que são os que recebem a classificação de discípulos. Em segundo lugar porque o Sumo-Sacerdote não era obrigatoriamente "amigo" do discípulo: apenas "o conhecia". E pode a express ão ter sido usada lato sensu: o "outro discípulo" era conhecido dos servos do Sumo-Sacerdote, que eram os que atendiam à porta.
Como era conhecido? Não era ele sócio da companhia de pesca de seu pai (cfr. MT
Por ser conhecido dos que atendiam à porta, entrou. Ao ver que Pedro ficara de fora, volta e consegue que entre, em elegante gesto de cortesia. Assim poderiam os dois acompanhar de perto o processo de Jesus, confortando-o com suas presenças amigas e dedicadas.
Sacerdote legalmente constituído possa funcionar. O posto alcançado atribui poderes, mesmo místicos, por menos evoluída que seja a criatura.
Num processo comum de prisão, o acusado não teria necessidade de comparecer perante Caifás: Barrabás não foi lá levado. Nem mesmo perante o Sinédrio, pois a transferência da autoridade religiosa para a civil era feita por funcionários subalternos. Mas no caso de Jesus não se tratava de criminoso comum: era indispensável que fosse ouvida a palavra da mais alta autoridade religiosa.
Como não era lícito nem legal o julgamento depois do sol posto, aguardaram o novo surgir do sol para efetuá-lo. Mas durante esse período, que deve ter sido longo e cansativo, a vítima do holocausto cruento permaneceu sob a custódia da autoridade máxima da religião.
Isolado em quietude externa, longe de todos, pode permanecer mergulhado em Si mesmo, haurindo de Sua união espiritual com o Pai as forças energéticas necessárias à provação duríssima que deveria atravessar dentro de algumas horas: o grande acontecimento começara, e antes do tumultuar do avanço violento do Antissistema, era mister uma parada, distante das personagens encarnadas, para concentrar-Se no Foco de Luz Incriada, e para sintonizar com o Som Inaudível que lhe transmitiriam energia a fim de superar a prova iniciática.