"Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem, que está no céu" (JO
Os mundos materiais, como a Terra, são transitórios, podendo ser comparados a "oficinas" de trabalho, em que se associam as orientações superiores (revelações) e o esforço dos seus habitantes.
Tais revelações, que nunca faltaram à humanidade, confirmam-se graças ao que denominamos consciência (despertamento de valores internos pelo mecanismo das experiências somadas no tempo).
Tudo o que existe na Terra já existia, e apresenta-se muito mais aprimorado na vida espiritual. Por isso, as criaturas concebem o que aparentemente, não era conhecido (intuição), e fixam, devido a esse exercício de idealização e formalização, os talentos que passam a lhes ornar a alma, autorizando-as moralmente ante o Pai, a Criação e a sua própria consciência: "O Senhor é o que tira a vida e a dá; faz descer à sepultura e faz tornar a subir dela" (I Samuel
Cientes de que todo o poder e a gênese da vida pertencem, indeclinavelmente, ao mundo espiritual, e não ao físico compreendemos que "descer do céu", para depois "subir ao céu" é operação lógica de afirmação do bem, própria ao mecanismo das reencarnações regidas pela Lei de Causa e Efeito. Podemos trabalhar o assunto valendo-nos do que é conhecido como "trindade universal" representada religiosamente no mundo por "Pai, Filho e Espírito Santo", e especificada pelo Espiritismo como sendo "Deus, espírito e matéria", ou também como "Ciência, Filosofia e Religião". Essas equações trinas, simbolizadas no Evangelho pelo número "3" (Jesus ressuscitou ao terceiro dia), guardam, simbolicamente, um movimento peculiar de completude, de inteireza. Podemos significar Deus como o número "1" do processo trino. Mas somente a ideia de Deus não muda ninguém, se não observarmos sua dinamização, sua efetivação em a Natureza (criação dinâmica), que seria simbolicamente o número "2".
Na soma do "1" (concepção de Deus, teoria) com o "2" (expressão da força de Deus em dinâmica criativa, ação) temos o "3", que é a plenitude do processo analisado aqui filosoficamente, unindo teoria e prática.
À luz da Doutrina dos Espíritos, Deus cria, os Espíritos operam (fazem executam). E, com isso, "materializam" o poder criador de Deus em obras, que vão desde as realizadas em menor escala ("co-criação em plano menor") até aquelas que dizem respeito ao macrocosmo, na formação de mundos, de galáxias, de constelações ("co-criação em plano maior").
É exatamente aí, nessa dinâmica universal, que vamos situar o ensino de Jesus a Nicodemos. "Descer do céu" significa trazer da vida espiritual os potenciais, os ideais, os projetos, para executá-los nos planos densos de matéria, onde há diversidade de caracteres morais e intelectuais, climas contrastantes, peso dos corpos por conta da gravidade etc. Com o dever bem cumprido, a alma deixa o corpo, e o Espírito "sobe ao céu", com méritos, com autoridade vivencial. O "Filho do homem" é a proposta crística, a sublimação das potências a conversão à vontade de Deus. Por isso, Jesus o simboliza e Sua origem é Deus, sendo que todo o Seu esplendor se dá vivenciando o que é do Pai, Suas Leis perfeitíssimas. Esse "Filho do homem", dessa forma, "desce do céu" como proposta aos que, através das lutas das reencarnações, se preparam na Terra para a felicidade real, pois tudo o que é bom, verdade e vida vem do Criador, passando a ser mérito da criatura quando afirma e reafirma isso no plano da matéria, onde "co-cria", refletindo os propósitos eternos do Excelso Pai e Criador: "Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para cumprir todas as coisas" (Efésios
Quando há luz na consciência, graças ao Evangelho de Jesus, que iluminou o rumo das almas e a história do mundo, há lucidez nas escolhas pessoais, e o esforço para seguir na evolução, conforme a Lei de Deus, torna-se o genuíno exercício da caridade, que é o amor incondicional. Paulo de Tarso, interpretando pelo próprio exemplo o que Jesus ensinou a Nicodemos, adverte aos que desejam seguir edificando o bem por toda parte: "Fiz-me como fraco para os fracos para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns" (I Coríntios