No estudo da Justiça Divina, em sua abrangência sábia e promotora de vida, a questão dos Espíritos degredados é tema inarredável das análises de cunho evolutivo, porque, se a matéria é sempre "o laço que prende o espírito", para a dinâmica de seu progresso interior a solidariedade entre os mundos da Amplidão estabelece, na denominada "Pluralidade dos mundos habitados", as cadeias de vida crescente e depuradoras, sem o que o progresso das individualidades sofreria solução de continuidade na Criação excelsa.
Não estamos sós no Universo, e as condições existenciais das almas nos mundos que gravitam em famílias distintas, como a Terra e outros orbes em torno do Sol, guardam peculiaridades próprias em relação à sua constituição material, já que, conforme o padrão moral e intelectual dos habitantes, a matéria apresenta dinâmica vibracional diferenciada. Embora diversificados entre si, em galáxias conhecidas ou ainda não, os planetas, que reúnem famílias espirituais com fins determinados, sempre visando o progresso e a elevação, são solidários e oferecem contingentes espirituais, tanto quanto recebem seres assegurando a dinâmica da vida sempre mais alta e pura no Universo.
Enunciando que "na casa de meu Pai há muitas moradas" (JO
É que não há evolução senão "em dois mundos", ou seja, entre o espiritual e o material. Se a solidariedade entre orbes do Infinito é fato, isso ocorre graças aos movimentos inteligentíssimos e justos do mundo espiritual, que a tudo preside e ordena.
Será com base nesse entendimento que o estudioso dos Evangelhos poderá compreender textos muito específicos, como este: "E ele respondendo, disse: Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel" (MT
Paulo de Tarso conhecia o assunto, e discorre com propriedade esclarecendo: "Digo, pois: Porventura tropeçaram, para que caíssem?
De modo nenhum, mas pela sua queda veio a salvação aos gentios para os incitar à emulação" (Romanos
Com essa capacidade de discernir e interpretar, porque em conhecimento das Leis universais, tão bem estudadas pela Doutrina dos Espíritos, vamos encontrar a beleza de uma profecia de Isaías, trazida para as anotações de Levi, a fim de mostrar o cumprimento da vinda do Messias, atendendo de modo perfeitamente didático às duas condições evolutivas dos seres aqui já integrados, os "caídos", em expiação, e os simples, os "gentios": "O povo, que estava assentado em trevas, viu uma grande luz; e aos que estavam assentados na região e sombra da morte a luz raiou" (IS
Nesse texto profético que se cumpriu, "treva" significa "erro cometido de modo consciente e espontâneo". Por isso, aquele povo, que estava "ajustado" no plano das expiações, entre culpa e remorso, "viu uma grande luz", pois já sabiam, do mundo de origem, o que significava um "Cristo planetário". De outra forma, aos que ainda se "ajustavam" estando "assentados na região e sombra da morte" (reencarnação fechada, sem perspectivas maiores, em que apenas o instinto predomina, para salvaguarda das primeiras experiências psíquicas) "a luz raiou", ou seja, surgiu em primeiro plano para esse povo simples e sem experiência a revelação de seu destino.
É por isso que, mesmo pregando para o gentio, Paulo escreve em uma de suas epístolas: "Porque noutro tempo éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor; andai como filhos da luz" (Efésios