As Chaves do Reino

CAPÍTULO 17

RESPLANDEÇA A VOSSA LUZ - A CANDEIA DO CORPO É O OLHO



A Luz resume o poder criador do Universo, e será pela busca dessa Luz Divina e eterna que todos os seres e também todos os Princípios Espirituais trabalharão nos domínios infinitos da Casa do Pai, com o objetivo de se iluminarem, e, com isso, se revelarem plenamente, pois somos todos herdeiros d’Aquele que é "a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas".

No limiar do primeiro livro da Bíblia, o texto da revelação já manifestava o significado desse poder do Criador: "E disse Deus: Haja luz. E houve luz" (Gênesis 1:3). Num primeiro momento do processo de emancipação, saindo do "sono" pesado do primitivismo natural quando a individualidade, simples e ignorante, é convocada a laborar seu despertamento, em contato com fatores externos da Natureza, o conhecimento é o passo imprescindível para se assegurar o fluxo da mente, que se expandirá em possibilidades, sempre de acordo com a interação da alma com o meio ambiente, e deste para as operações subjetivas, de natureza moral. Alcançará então, pelo esforço intrínseco na aplicação do que já depreende internamente, ou seja, as leis que as circunstâncias observadas e vividas em muitas reencarnações lhe revelaram à sensibilidade, a cota de luz dinâmica, que será capaz de deixar irradiar de si, em sintonia com o Altíssimo.

Essa busca de iluminação é o propósito divino da vida universal, e podemos, à luz da Codificação Espírita, realizar um breve escorço com o objetivo de identificarmos o mecanismo de revelação dessa Verdade, que é o alimento do Espírito e a expressão eterna de Deus.

No plano mineral, que é o berço de recepção da "onda criadora" - o Princípio Inteligente da Criação –, vamos observar a "mônada" (sinônimo de Princípio Espiritual) aglutinando, pelo poder da atração as moléculas que constituirão os corpos desse reino, definindo, por esse entrosamento energético, a chamada "quimiossíntese", em que essa mônada é bombardeada, de fora para dentro, a fim de revelar seus potenciais ainda dormentes. Nesse campo de possibilidades evolutivas, que inaugura a "subida vibratória" do Princípio Espiritual no rumo da consciência cósmica, observaremos a saturação dos elementos do átomo, e o elétron gravitante em torno do núcleo, uma vez saturado, será desonerado das cargas acumuladas, e liberará um fóton luminoso. Tem origem aí, no reino mineral, essa manifestação da aptidão da "criatura" em fixar ou revelar, no meio de matéria densa a prerrogativa divina do poder espiritual herdado de Deus.

A bactéria leptótrix, estudada na obra do Espírito André Luiz demonstra, pela sua habilidade de viver em meio ferruginoso, a possibilidade de aglutinação de elementos, mesmo quando perde a carapaça ferrosa, que era seu refúgio, tornando a constituí-la pela capacidade de assimilação dessas substâncias em ambiente aquoso.

No reino vegetal, essa conquista de liberação de um fóton e de aglutinação de elementos dispersos, para formar um corpo, se revelará nas algas verdes, que, por sua vez, inauguram uma nova e promissora etapa de evolução para o Princípio Inteligente oriundo do reino mineral, com suas aquisições na base da quimiossíntese. Através dos cloroplastos das células vegetais, a mônada já fixa os componentes disponíveis nos raios solares e converte-os em nutrientes na intimidade da planta - eis a "fotossíntese", pela qual se retém o gás carbônico e libera-se o oxigênio para o meio.

No reino animal, em que predomina o fenômeno da "biossíntese" identificaremos a tuatara, um réptil que existe ainda hoje na Nova Zelândia e que, estirado sobre uma pedra ao sol escaldante de uma ilha, apresenta um espécie de orifício escamoso na cabeça, pelo qual células fotorreceptoras captam a luz solar, que no lagarto é convertida em estímulo nervoso. Ainda aí a busca da luz, para manutenção da sobrevivência.

Mas é no homem que essa busca da Luz se revelará com toda a sua pujança e eternidade. Dotado da glândula pineal ou epífise, no diencéfalo do cérebro, esse corpo, que secreta a melatonina, é a sede da mente espiritual no organismo físico, e responde pela interação Espírito-corpo e vice-versa. É a glândula da mediunidade por excelência, e aí o fenômeno da iluminação se dará, não mais pela busca da luz material do sol, mas pela identificação dos valores morais da Criação, quando o Evangelho, que é o livro da "Vida Abundante", por representar a execução perfeita do Amor de Deus entre os homens através de Seu Filho puro e imaculado, passa a irradiar a verdadeira Luz aos homens.

Daí o chamado imperativo do Cristo aos que possuem "olhos de ver" e "ouvidos de ouvir": "Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus" (MT 5:16).

Captação (conhecimento, sintonia) e aplicação (revelação, afinidade) - eis o mecanismo da evolução, que torna feliz a criatura.

Mas Jesus adverte em Lucas: "A candeia do corpo é o olho. Sendo, pois, o teu olho simples, também todo o teu corpo será luminoso; mas, se for mau, também o teu corpo será tenebroso" (LC 11:34).

Se entendemos a epífise como sendo esse olho, a vigilância determina que ele deve estar em sintonia com os propósitos divinos da Criação gerando a luminosidade de todo o corpo, que não se resume à saúde do organismo físico, mas principalmente às obras de consciência e amor que constituirão nosso Reino, onde e com quem estivermos. A nossa obra, em nos afinizando com o Evangelho de Jesus, é a conquista das próprias prerrogativas herdadas de Deus, vencendo "as ilusões que salteiam a inteligência" e nos desviam da felicidade real.