Se a vida é a bênção de todos os seres, atestando o poder divino na Criação, o qual desafia até as inteligências mais brilhantes, que, não obstante suas conquistas no campo do intelecto, somente podem dela usufruir e com ela, em suas expressões indeclináveis de lei, aprender a mais sublime das ciências - o Amor –, encontramos a "morte" por sua antítese. E, se o bem é o celeiro da vida, a morte tem no "pecado" a sua justificação.
Concebendo essas verdades ao longo das experiências humanas, por esse "dualismo", que fomenta o progresso e a evolução das mentes poderemos identificar as sutilezas que estabelecem, entre os estudiosos espiritualistas de todos os tempos, as concepções mais fechadas sobre a reencarnação, que, representando a "morte" para o Espírito e suas potências já reveladas (quando é obrigado a esquecer o passado e submeter-se a condicionamentos expiatórios ou provacionais na carne), guarda, para esses estudiosos mais resistentes, a conotação de "castigo", de "queda", de "maldição".
Todavia, um estudo mais acurado, tendo por material os conteúdos crísticos do Evangelho, além dos recursos indiscutivelmente autorizados e universalistas da Codificação Espírita, demonstra nuances e movimentos extraordinários nessa vinculação do Espírito com a matéria.
Poderíamos adiantar, para nossas reflexões, que existem desencarnados verdadeiramente "mortos" internamente, devido a descuidos morais na última existência ou desde outras, como há os considerados "mortos", por efeito da reencarnação, que se encontram "vivos", em espírito e em verdade, vencendo a influência da matéria e revelando seus potenciais divinos entre os homens (MT
Jesus encerra profundos conceitos acerca de vida e morte, para nossa apreciação, ao assinalar a um de seus seguidores: "Deixa aos mortos o enterrar os seus mortos; porém tu vai e anuncia o reino de Deus" (LC
Como temos observado, há uma lógica em todas as proposições da Mensagem cristã, e, nesse assunto de enterro do "pai", necessitamos sair do processo sociológico em que, diante de familiares desencarnados indiscutivelmente temos o dever de sepultá-los dignamente. Esse "pai" na linguagem do Cristo, que nos propõe renovação, elevação, trabalho qualitativo em favor de nosso progresso, é o "homem velho" (Romanos
Paulo nos fornece subsídios para a justa compreensão dessa "morte" moral e da "ressurreição" para a Vida, utilizando a imagem de Adão o primeiro homem (simbolicamente considerado), sobre quem a Lei Divina impôs o seu jugo de expiação (Gênesis
Fica muito claro que o desconhecimento da Lei de Deus, nos períodos primitivos da vida planetária, não imputava culpa aos seres ainda sem ilustração, sem referências morais, porque apenas se movimentavam pela própria sobrevivência. Foi exatamente isso que Paulo, em sua Epístola aos romanos, definiu com sabedoria: "Porque, quando os gentios [os simples, que habitavam a Terra, antes da chegada dos capelinos], que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei" (Romanos
Esse entendimento da Lei de Justiça, preparando as almas, em solidariedade e diversidade de posições evolutivas, para fomentar o conhecimento e as experiências vivenciais de cunho mais elevado projeta-nos a mente e sensibiliza-nos, para que atendamos ao objetivo essencial do processo reencarnatório, qual seja, nos capacitarmos nessa aparente "morte", para nos alimpar de todas as impurezas e vícios comportamentais, visando a pureza e a sabedoria intrínsecas laboradas pelo "testemunho do sangue": "Estes são os que vieram de grande tribulação, e lavaram os seus vestidos e os branquearam no sangue do Cordeiro" (Apocalipse