Na sua pregação vigorosa e eivada de símbolos, Paulo de Tarso, judeu convertido ao Evangelho, demonstra sua cultura universal dos temas evolutivos, que fazem da Terra um palco de experiências múltiplas e intensas, para gáudio de todos os seres - os simples ou os assinalados por compromissos cármicos, oriundos de outros domínios do Universo.
É através da análise dessas verdades, expostas não somente por Jesus, mas por seus legítimos seguidores, que podemos compreender a genuinidade da Revelação Espírita, em seu escopo de desfraldar a Verdade e resgatar a Mensagem cristã em sua essencialidade, para os novos tempos do globo.
A "Pluralidade dos mundos habitados", como um dos Princípios espíritas e vinculada ao que o Mestre salientou para os discípulos ao dizer que "na casa de meu Pai há muitas moradas" (JO
A tão decantada "queda" dos anjos, geralmente interpretada pelo misticismo com as tintas do fecundo imaginário humano, está tão bem delineada pelos textos da Boa-nova, que se nos torna um prazeroso trabalho de aculturamento e iluminação o seu estudo, com o cotejamento desses Princípios revelados aos homens pelos Espíritos superiores.
Desde o primeiro livro da Bíblia, identificamos a figueira como símbolo da Lei de Justiça, que opera pelas reencarnações o cumprimento dos códigos da vida, através do "a cada um segundo as suas obras" (Romanos
Zaqueu, de pouca estatura e ciente de que Jesus passaria pela região onde estava, subiu em um sicômoro, que é a figueira brava, imagem da Lei de Justiça, intentando vê-lo: "E, correndo adiante, subiu a uma figueira brava para o ver; porque havia de passar por ali" (LC
Essa imagem da figueira brava é semelhante à do zambujeiro, pois são arbustos que não produzem frutos - sendo que o zambujeiro é a oliveira brava –, e ambas são utilizadas pelos mestres da sabedoria espiritual na Bíblia, para codificação do que é imortal, moral, espiritual, como as parábolas de Jesus encerrando em histórias simples os conteúdos cósmicos da Criação. Em bom entendimento da passagem de Zaqueu que era um publicano, ao "subir a uma figueira brava", ele se vale da Lei, que conhece e estuda, para "ver" Jesus - o futuro que o aguarda a excelência das conquistas evolutivas, a perfeita identidade com o Amor de Deus.
Aprofundando o sentido espiritual desses símbolos, encontraremos para nossa edificação moral, textos como o de Provérbios
Foi o que aconteceu com Caim e Abel (Gênesis
Em sua Epístola aos romanos, Paulo revela domínio pleno desse mecanismo da Lei, que ajusta e promove todos os seres, pela interdependência universal. Ensinando o Evangelho Divino aos "gentios" (termo que significa os povos pagãos, sem iniciação espiritual como ocorrera aos judeus), argumenta sobre a "misericórdia" do Senhor ao operar a denominada "enxertia", ou seja, trazer para a Terra um contingente de Espíritos (os capelinos, a raça adâmica) que, embora na condição de "caídos" (não conseguiram abandonar no mundo de origem, bem mais evoluído do que o nosso, os vícios do egoísmo e do orgulho, que os tornaram incapazes de avançar moralmente com a maioria daquele orbe, donde partiram para o seu degredo aqui na Terra), traziam ciência, arte, filosofia, política, religião etc. : "Considera, pois, a bondade e a severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; mas, para contigo, a benignidade de Deus, se permaneceres na sua benignidade; de outra maneira, também tu serás cortado" (Romanos
Temos, nesses textos paulinos, uma substanciosa aula de justiça e misericórdia, pois o autor, em feliz raciocínio, demonstra que, pela "enxertia" do melhor (capelino) no menos bom (gentio, autóctone, o primitivo da Terra), aquele alcança o plano das "expiações" necessárias ao seu resgate, e é o primitivo que o recebe no ambiente rude do planeta como "filho". No entanto, com a "queda" do degredado, mais preparado e mais experiente, o gentio (o "zambujeiro", a "oliveira brava") "psiquicamente" é enxertado na "oliveira", nos capelinos, que já tinham a mente descortinada para valores da vida muito mais alta e expressiva, em relação ao que a Terra detinha para os seus habitantes naquele momento: "E se alguns dos ramos foram quebrados, e tu sendo zambujeiro, foste enxertado em lugar deles, e feito participante da raiz e da seiva da oliveira, não te glories contra os ramos; e, se contra eles te gloriares, não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz a ti" (Romanos
Por esses movimentos solidários, que ajustam e reajustam almas em processo evolutivo, identificamos a harmonia da Lei Divina. A Terra deve muito aos que "caíram" de Capela, pois impregnaram o planeta de uma cultura que beneficia os "gentios", e, com sua capacitação ao retorno ao seu mundo de origem, permanecemos com os ganhos intelecto-morais de seu estágio entre nós, numa obra digna do Criador e Pai: "E, se a sua queda é a riqueza do mundo, e a sua diminuição a riqueza dos gentios, quanto mais a sua plenitude!" (Romanos