Quanto mais nos afinizamos com a vibração excelsa da Boa-nova do Senhor, mais conquistamos, no plano íntimo, a identidade com os valores de verdade e amor que daí ressumam, em favor da redenção humana. O estudo e a meditação representam aquele "pedir, buscar e bater" das recomendações do Mestre (LC
O sábio é sempre o aprendiz devotado, que se esforça por aplicar os conteúdos que a vida lhe revela pelas circunstâncias, como o virtuoso é o obediente operário da verdade e do bem, que reflete algo da grandeza de Deus.
Através do cotejamento de textos, de dados, de referências combinando-os, confrontando-os, para extrair valores no plano da interpretação - movimento genuíno de meditação ativa, interiorizando luzes –, é que alcançamos a renovação da mente, que recebe, desse modo, os impulsos mais nobres e renovadores, para que toda a casa íntima se beneficie, com nova dinâmica de arejamento e sublimação de propósitos. Esse mecanismo difere substancialmente dos processos religiosos tradicionais, em que há imposição de ideias e princípios de fora para dentro, sem que a criatura passiva possa operacionalizar os valores encerrados na letra da revelação, e isso quando não há malversação da proposta, por parte dos denominados "falsos profetas".
Daí as cristalizações lamentáveis, verdadeiros circuitos de inibição psíquica e emocional, dentro dos quadros expiatórios e de provações mais fechadas, obviamente com fins reeducacionais e promotores mas ainda de conotação violenta: "E, desde os dias de João Batista até agora, se faz violência ao reino dos céus, e pela força se apoderam dele" (MT
Para todos aqueles que começam a se libertar pela beleza do Amor de Deus, dinamizado pelo Evangelho de Jesus, as parábolas, os ensinos os comentários e as curas expressam luzes reveladoras, e cada termo como cada condição operacional do Mestre e de seus discípulos, passa a conter verdades imortais - verdadeiras "chaves" de acesso a um universo puro e harmônico –, capazes, por sua irradiação vibracional captada pelo sentimento do estudioso, de relativizarem suas lutas e amargores no mundo, elevando-lhe as concepções e a própria capacidade de superar-se no tempo.
Na "Parábola do servo vigilante" (LC
O Espiritismo, expressando o Consolador Prometido, não se ocupa da Lei de Justiça e das ameaças que os religiosos tradicionais implementam, com base no seu entendimento dessa Lei. A missão do Consolador entre os homens é a dinamização do Evangelho, resgatando-o das conveniências e vícios humanos. Daí a clareza com que os Espíritos superiores revelaram os fundamentos da vida espiritual, apresentando "chaves" de entendimento da Mensagem cristã, como jamais os homens haviam recebido antes.
Cientes de semelhante proposta reeducativa do Espírito em evolução na Terra, podemos identificar o termo "ladrão", que é citado como ameaça real no contexto da parábola que nos merece atenção. Notese que há igualdade de força para o "ladrão" ("Porque vós mesmos sabeis muito bem que o dia do Senhor virá como o ladrão de noite" - I Tessalonicenses
Tiago, em sua Epístola universal, explicita o assunto: "Bem-aventurado o varão que sofre a tentação; porque, quando for provado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que o amam" (Tiago
Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte" (Tiago
O Espiritismo confirma que a "coroa da vida" é o triunfo do Espírito, que pelos transes reencarnatórios, quando muitas circunstâncias provamlhe a alma e as disposições íntimas já adquiridas pelo tempo, vence suas "más inclinações", pela prática incansável do bem, testemunhando em humildade e sentimento caridoso esse Amor universal, que o Cristo expressa junto a nós. Somente usufrui dessa "coroa da vida" o "Filho do homem", ou seja, aquele que não mais é escravo do personalismo e dos condicionamentos dos mundos materiais (ilusórios e mutantes) tornando-se senhor até do "sábado", que guarda o simbolismo do "sétimo dia", em que o Senhor descansa de toda a sua obra, levada a efeito do primeiro ao sexto dia de intensos e crescentes trabalhos. É em suma, a obra da redenção, que simbolicamente se processa num ciclo setenário, de movimento espiraloide, figuração matemática do esforço espiritual pela sublimação de potenciais, através de vivências reais e promotoras (circuito crescente de experiências, em que há um ponto central e nuclear como partida, mas sempre gravitando com afastamento desse núcleo em busca de abrangência e de profundidade): "Nada temas das coisas que hás de padecer. Eis que o diabo lançará alguns de vós na prisão, para que sejais tentados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida" (Apocalipse