Viver representa uma complexa conjugação de valores, e não há vida sem essa dinâmica que a Criação estampa, do mais ínfimo elemento da Natureza aos apogeus estelares. Nos símbolos utilizados para figurar o processo da Criação, no livro Gênesis, da Bíblia, encontramos a árvore por expressão de nossa nutrição: "E o Senhor Deus fez brotar da terra toda a árvore agradável à vista, e boa para comida; e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore da ciência do bem e do mal" (Gênesis
O Espírito, mesmo encarnado, gravita em torno de assuntos que lhe interessam, que o atraem - esse o mecanismo de seu desabrochar e de sua capacitação, para novos e mais altos horizontes. "Árvore agradável à vista, e boa para comida" é toda e qualquer circunstância que estimule o ser, instigando-lhe os desejos, a vontade. É por esse processo que nos sentimos atraídos por alguém, vinculando-nos para realizações específicas, como a troca afetiva, a reprodução, os projetos sociais econômicos, culturais, religiosos. No estudo doutrinário espírita, vamos compreender que a matéria organizada exerce fascínio sobre a alma, instigando-lhe as ambições, fomentando-lhe estados de curiosidade de interesse, de poder, de acordo com os talentos e habilidades já desenvolvidos ou em desenvolvimento. Esse roteiro de interação é o que interessa ao progresso, pois, pelo exercício de suas faculdades - muitas até desconhecidas e então reveladas pelas circunstâncias que "tentam" a criatura - é que ela alcança ciência das coisas, conhecimento de si mesma e domínio sobre tudo. É o que determina o Apocalipse, ao falar da "árvore da vida": "Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que está no meio do paraíso de Deus" (Apocalipse
Se a "árvore da vida" está bem delineada, como sendo a que produz frutos de eternidade, porque é a linha do amor, em que o indivíduo desenvolve a capacidade de jornadear e administrar o destino, sem aquelas ocorrências que ferem, que o lançam ao remorso, à culpa, que o fazem descer de nível, a "árvore da ciência do bem e do mal" expressa "reincidência", "queda", "erro", "vício", daí a advertência de Deus para que Adão e Eva não "comessem" de seu fruto. Essa árvore refere-se ao domínio da Lei de Causa e Efeito, quando a criatura, por deliberação pessoal - pois já tem condições de avançar no melhor –, teima e desobedece aos ditames da própria consciência já desperta, e volta aos padrões inferiores, comprometendo-se moralmente. Aí está o motivo da "maldição" lançada por Deus (a consciência) sobre Eva e Adão, na simbologia do Antigo Testamento. Paulo dá uma substanciosa aula sobre o tema, quando assinala com sua cultura incomum: "Porque tendo a lei a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano [referência ao derramamento do sangue de animais no Templo, para purificação], pode aperfeiçoar os que a eles se chegam" (Hebreus
No episódio da "Purificação do Templo" (para Jesus, o "templo" é o corpo em que o Espírito habita - JO
Se não há melhoria, elevação espontânea, mudança de nível mental e comportamental, terminamos por invocar a Lei de Causa e Efeito naquele sentido negativo: "Concilia-te depressa com o teu adversário enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao oficial, e te encerrem na prisão" (MT