A ordem evolutiva da Criação, que envolve noções das cousas, ciência da vida e reflexão consciente e dinâmica da vontade de Deus, marca etapas muito substanciosas de experiências no plano material, em que os homens se movem. Justiça, Amor e Verdade enfeixam, para o progresso da humanidade, três períodos distintos de trabalho e promoção das almas vinculadas ao planeta. Podemos vincular essas três etapas históricas de preparação e conquista, a se refletirem no plano mental das criaturas, em sua expressão intelectiva e de sentimento, ou de razão e fé, ao tríplice aspecto da Doutrina Espírita codificada por Allan Kardec - Ciência, Filosofia e Religião.
Não é difícil depreender que toda proposta divina que chega para ajudar os homens em sua caminhada de qualificação moral passa inexoravelmente, por uma revisão da retaguarda - no entanto, em síntese –, como que a reunir em "molhos" ou "feixes" os conteúdos então revelados pelas vivências do passado: "Deixai crescer ambos juntos até a ceifa; e, por ocasião da ceifa, direi aos ceifeiros: Colhei primeiro o joio, e atai-o em molhos para o queimar; mas, o trigo ajuntai-o no meu celeiro" (MT
É por esse prisma de trabalho, na ordem natural e respeitosa da vida cósmica, que vamos identificar a Primeira Revelação Divina. Tangendo a mentalidade ainda débil e infantil dos homens, a Lei, então codificada nas Tábuas recebidas por Moisés (Êxodo
1 - Identificar a fonte inexaurível da vida em sua essencialidade afinizando-se com ela - a vontade de Deus;
2 - Viver sintonizado com a "alma" das coisas e dos acontecimentos após tantos labores exaustivos na condição expiatória e provacional do mundo, já em final de ciclo, no rumo da Regeneração - abrir mão de querelas, de disputas, de atitudes negadoras da vida e antifraternais;3 - Dignificar os valores e componentes do processo evolutivo recebidos da Criação do Pai, em circunstâncias as mais variadas e sempre promotoras de vida.
Podemos dizer, em súmula, que, nos sete mandamentos de natureza coercitiva, identificaremos os elementos formatadores de uma nova mentalidade espiritual. Esse ciclo de sete nos projeta, se devidamente vivenciado, aos três primeiros mandamentos, pois estes três estão diluídos nos outros sete. É como se as Tábuas da Lei apresentassem primeiramente o plano ideal em tríade ("Pai, Filho e Espírito Santo") que então é desdobrada em sete preceitos dinâmicos de aplicação uma vez que esses três conceitos enfeixam propostas muito essenciais e ainda não disponíveis espiritualmente aos que leem e interpretam no seu plano de relatividade evolutiva.
Com essa base, compreende-se João, o Batista como a expressão mais apurada da Lei de Causa e Efeito, irrepreensível, jejuando (cumprindo à risca os sete mandamentos de natureza coercitiva, para formação de uma mentalidade sem apego à matéria) e vivendo no deserto (ambiente de transição, que prepara novos ciclos de vida para o indivíduo já experimentado em muitas questões). Daí a narração do Evangelho que tem em João, o Precursor, aquele que antecede o "Filho do homem" (a renovação efetiva): "E Jesus, respondendo, disse-lhes: Ide, e anunciai a João as coisas que ouvis e vedes: Os cegos veem, e os coxos andam; os leprosos são limpos, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho" (MT
Será pela depuração íntima, em processos de atendimento da Lei (ciclos de existências reencarnatórias nas fases de expiações e provas dos mundos como a Terra), que nos ajustaremos aos padrões da Revelação da Justiça, que é base, alicerce para a edificação espiritual genuína, já que "a disciplina antecede a espontaneidade". E quando chega o "Filho do homem", ou seja, quando alcançamos, por efeito de afinidade moral, os padrões de Jesus, que ama indistintamente e se dá em holocausto, se preciso for, para fomentar estados de bemaventurança e vida abundante para os semelhantes, passamos a "comer e beber" os valores que estão disponíveis na vida universal pois já aprendemos a ciência do equilíbrio e da comunhão em nível maior, segundo a vontade de Deus, sem os riscos do personalismo e das paixões, os quais nos escravizam a comportamentos negadores da natureza divina: "Veio o Filho do homem, que come e bebe, e dizeis: Eis aí um homem comilão, e bebedor de vinho, amigo dos publicanos e dos pecadores" (LC