Jesus é "o pão que desceu do céu" (JO
Se o Cristo deu-se em holocausto para exemplificação do que significa a entrega plena à vontade de Deus, esse testemunho, que ecoa como um brado de amor supremo pela história humana, apresenta outras facetas de beleza e dinamismo espiritual. É que o "pão" que alimenta forma um "corpo de carne", ou seja, toda a vida de exemplos e testemunhos do Mestre é esse alimento moral, e "materializa", para percepção do mundo inteiro, o "Amor do Pai", em pureza e eternidade.
É o "Verbo" que "se fez carne" (JO
Tanto o pão quanto o sangue são símbolos de expressão sublime codificando as preciosidades do trabalho realizado pelo Espírito em contato com a matéria, através das reencarnações. No episódio da "Primeira multiplicação dos pães", esse símbolo, que mostra Jesus como o "pão que desce do céu", ganha expressivos contornos de sabedoria e beleza: "E, tomando ele os cinco pães e os dois peixes levantou os olhos ao céu, abençoou e partiu os pães, e deu-os aos seus discípulos para que os pusessem diante deles. E repartiu os dois peixes por todos" (MC
Quando analisamos mais detidamente o significado do peixe, que é lembrado na narração da "Primeira multiplicação dos pães", temos de considerar que se trata de um componente biológico, remontando ao processo de vinculação com a matéria mais densa, então formalizada na Terra pelos elementos conhecidos da Natureza, como água, ar, terra etc. O peixe, em sua significação evolutiva, faz o papel de mediador entre as algas e bactérias existentes nos oceanos (estágios iniciais de manifestação do Princípio Inteligente) e a "saída" das águas na feição de répteis (avanço significativo dos Princípios Espirituais, coordenado pelos prepostos do Cristo, para formação do planeta em sentido dinâmico), para permitir o surgimento das aves e dos mamíferos terrestres. O peixe possui as guelras, e sobrevive completamente entregue às águas, de onde retira o oxigênio e a própria alimentação.
Essa "entrega" nos dá uma ideia muito expressiva sobre como viver da vontade de Deus, que a tudo criou e a tudo rege com perfeição.
Muitas vezes nos indispomos com situações e pessoas, numa espécie de bloqueio emocional, eclipsando nossa mente, que não mais retira do Cosmos o "oxigênio" e o "alimento" de natureza espiritual, para nutrição e euforia de nossa vida íntima.
O "pão da vida", conforme Jesus explicita, é a essência que está no alimento (não se trata aqui da forma didática, mas sim do conteúdo o que nutre essencialmente). Não nos esqueçamos disso. O pão guarda uma imagem fecunda, que nos remete à ideia do trabalho constante, do sacrifício que edifica e projeta, e que vai desde o preparo do campo, a semeadura, os cuidados, a colheita, o armazenamento o beneficiamento, a fabricação, o forno etc. "Eu sou o pão da vida" (JO
Já o símbolo do sangue é associado ao vinho, porque o sangue é que faz o papel de canalizar, de conduzir todos os recursos extraídos do pão (metabolização do alimento e condução desses valores para todo o organismo). O vinho é produto da videira, que tem relação com a vinha e com a uva, a qual deve ser massacrada, sendo, assim, imagem do testemunho pessoal e do sacrifício em prol da evolução, transformando sempre.
Desse modo, sem o sangue, o pão nos intoxicaria, pois não seria metabolizado. Ele não circularia, para beneficiar o cosmo orgânico. O sangue é a dinâmica, o trabalho, o contexto em que somos situados na vida, para as experiências de crescimento: "Porque isto é o meu sangue, o sangue do Novo Testamento, que é derramado por muitos para remissão dos pecados" (MT
Quando analisamos o "sangue do Novo Testamento", temos o dever de observar Jesus, puro e imaculado, carregando sobre Si as misérias humanas, para testemunhar o quilate de Seu Amor, revelando o Amor de Deus. E, ao dizer que Seu sangue "é derramado por muitos, para remissão dos pecados", o Mestre assinala que o sacrifício pessoal em nome do Amor é caminho de libertação e iluminação para os que seguem chumbados ao chão terreno, em processos de culpa, remorso revolta, inconformação: "Quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?" (Hebreus