Todas as nossas grandes dificuldades estão relacionadas com o fator "invigilância", de modo que a geratriz dos males que nos afetam cotidianamente se implanta pela má gestão de nossas possibilidades evolutivas.
Ao ignorante, ninguém exige o que não possui, mas, ao que já se ilustrou, espera-se coerência com o material absorvido. Desse modo, há aquisições naturais, que nos favorecem no mundo pelas linhas da horizontalidade evolutiva, como, por exemplo, a higiene, a escolarização vulgar, as regras e leis do plano social etc. Mesmo aí dentro desses circuitos de cidadania e permuta social histórica, os valores éticos se evidenciam e abrem caminho para a Mensagem do Evangelho, que, encontrando essas linhas de abertura moral, passa a ser assimilada pelos indivíduos, de modo crescente.
Chegando a esse ponto de entendimento moral da vida, a criatura se expõe a diversas situações, porque passa a "enxergar" e a "ouvir" os apelos morais das circunstâncias mais vulgares, inserindo-se no plano daqueles que operam pela "consciência desperta". A proposta da vigilância somente interessa aos que vislumbram padrões superiores de vida e realização. Desse modo, ganha expressão de utilidade e sabedoria a advertência de Jesus, registrada por Marcos: "Olhai, vigiai e orai; porque não sabeis quando chegará o tempo" (MC
É que a lógica da Providência Divina não segue o ritmo linear dos cálculos humanos, pois obedece a mecanismos de gravitação, que recordam aquela espiral cósmica, a qual envolve estrelas e mundos na Amplidão, estabelecendo, pela equação "necessidade e circunstância" tudo o que tem a ver com cada criatura, e sempre de acordo com seus estados vibracionais: "Mas o dia do Senhor virá como o ladrão de noite; no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos ardendo, se desfarão, e a terra e as obras que nela há, se queimarão" (II Pedro
A necessidade de se saber "onde está" (contexto), para que a vigilância não deixe expostas as concupiscências do candidato à iluminação com o Cristo, comprova que o "homem velho" tem poder sobre os interesses da casa íntima, e guarda a expressão viril dos condicionamentos já trabalhados (geralmente, é por um lapso moral, numa palavra mal dita, num olhar infeliz, numa atitude precipitada que detonamos um processo expiatório de largo curso). A ausência dessa lucidez mental da vigilância explica o que significa "dormir": "Mas, dormindo os homens, veio o seu inimigo, e semeou joio no meio do trigo, e retirouse" (MT
Costumamos observar, aí no mundo, os textos mais sublimes mesclados de concepções truncadas, a revelarem luz e sombra. Do mesmo modo identificamos grandes trabalhadores que, apesar do destaque que têm guardam vínculos lamentáveis com propostas viciosas e rasteiras. A invigilância, funcionando por concessão menos edificante, permite não somente a instalação do "joio", mas o seu cultivo, por força de lei: "Deixai crescer ambos juntos até a ceifa; e, por ocasião da ceifa direi aos ceifeiros: Colhei primeiro o joio, e atai-o em molhos para o queimar; mas, o trigo, ajuntai-o no meu celeiro" (MT
Não podes vigiar uma hora?" (MC
Em verdade, vive-se ainda no mundo a primeira vinda de Jesus quando Ele faz o convite amoroso a todos, e, como é de se esperar um grande contingente de irmãos nossos faz-se tardio em aceitar esse chamamento, preferindo cada qual o seu interesse menor: "Porém eles, não fazendo caso, foram, um para o seu campo, outro para o seu negócio" (MT