O Caminho do Reino

CAPÍTULO 14

JUDAS E OS SUMOS SACERDOTES



Se a unção ocorrida na casa da querida família de Betânia é um acervo de sublimidade, operando a mensagem da Boa Nova em favor do Mundo inteiro, vamos observar outros aspectos na formosa passagem citada (JO 12:1-3).

Lázaro e suas irmãs perfazem um formoso quadro de evolução espiritual, a nos ensejar o entendimento do Espírito e suas potências intrínsecas, pois o amigo que Jesus fez sair do túmulo é o símbolo do despertamento crístico em nós (JO 11:43-44).

Operando com o Cristo, Lázaro sai do túmulo ("Por isso diz: Desperta, tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá" - Efésios 5:14) e converte-se em padrão de despertamento moral para as operações salvacionistas (Caminho, Verdade e Vida, capítulos 112:113).

É nesse contexto de Vida Abundante em evidente floração que surgem os testes e as provas de aferição. Os versículos quarto e quinto do capítulo 12 de João (JO 12:4-5) noticiam a insinuação ambiciosa de Judas 1scariotes quanto ao proveito a se tirar da preciosidade ofertada ao Mestre por Maria. Aqui identificamos o interesse pessoal, com suas artimanhas práticas, entre discursos falsos, como a suposta preocupação com os pobres (justificação para desvios, corrupção, pois todo aquele que não opera em si as riquezas evolutivas, por ciúme e inveja, no plano da inconformação e da revolta, busca lançar mão do que pertence ao outro). Nesse passo, Judas se irmana, por efeito de afinidade, com os sacerdotes da época, e será por efeito disso que ele negociará a prisão de Jesus, em tremendo equívoco de interpretação da mensagem do Senhor.

O materialismo se caracteriza pela compulsão, pelo consumo exacerbado. É um estado obsessivo em todos os seus aspectos, e, por isso, os sistemas vigentes no Mundo são "campos de saturação das mentes", pois permitem, esses sistemas, o culto das ilusões, quando, em clara dificuldade de se identificar Espírito, os homens e as mulheres se transferem para as "miragens" que a matéria densa lhes enseja, para desenvolvimento de percepções morais. Então entendese que, procurando "matar" também a Lázaro, os príncipes dos sacerdotes (sumos sacerdotes, líderes, patrocinadores da fé comercial e politiqueira) tentavam apagar a prova cabal do poder transformador de Jesus sobre a criatura humana, no sentido de despertar seus valores internos.

Vemos aí as imagens que prevalecem ainda hoje na Terra: os príncipes dos sacerdotes (líderes dos sistemas materialistas, encarnados e desencarnados) apresentam-se como a serpente que tentou Eva e lhe impôs o jugo expiatório, porque, em desobediência à Lei, ela deixou-se levar pelas tentações, pelo erro ("E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado" - JO 3:14), e os judeus que comparecem para ver Jesus e também Lázaro, pois este ressuscitara, são os elementos já cansados de conhecer a Lei e de penar, por efeito de sua aplicação, então curiosos ou sedentos de respostas efetivas para o seu destino...

Como Jesus simboliza o "Espírito Santo", é Ele esse "Espírito e Vida" que falta à Humanidade inteira, para que a vida estue na intimidade de todos os seres (I Coríntios 15:45).

Digna de registro é a afirmativa do Mestre na intimidade do lar de Betânia: "Os pobres sempre os tendes convosco" (JO 12:8). E isso porque todos os valores já encerrados em nós pelos processos reencarnatórios são insuficientes para nos assegurar a felicidade sonhada. Até o encontro e a efetiva assimilação da mensagem de Jesus, somos regidos pela Lei, o que significa implantar bases de percepção moral - e isso é operação elementar de sobrevivência. Vida - e "vida em abundância" - começa na adoção do Evangelho, por dentro do coração (Fonte Viva, capítulo 148).