"A mente é o espelho da vida em toda parte". O Universo se explica através desta equação de Emmanuel (Pensamento e Vida, capítulo 1).
O processo evolucional, em essência, é o jogo das percepções anímicas em níveis diversificados, laborando, pelas reações acalentadas e sofridas, o acervo de verdade e luz que a criatura em expansão de potenciais logra sintetizar no tempo e pelo espaço em que se move, a bem de seu despertamento íntimo. Nesse contexto, "as ilusões salteiam a inteligência", até que os elementos exteriores, considerados bens e riquezas, percam o seu brilho e o seu poder de fascínio exercido sobre o Ser em experimentação evolutiva (MT
A passagem do Jovem Rico (MC
O mancebo rico tudo fez para saber como "herdar a vida eterna", e, de início, ao abordar Jesus, já demonstra suas cristalizações mentais no plano da Lei em que operava, dizendo "bom" mestre. Corrigido pelo Cristo, pois Jesus está no plano de relatividade, e a fonte é o Criador e Pai, lhe era dever, num plano ainda primitivo como o terreno, salientar o império da Lei para um candidato à perfeição, que foi debulhada em síntese por Ele, demonstrando o que é crime universal: matar, adulterar, roubar, prestar falso testemunho, defraudar, não honrar pai e mãe etc. (imperioso frisar que todos esses quesitos noticiam distúrbios morais da alma, de modo que, para erradicar seus efeitos na sociedade, inarredável trabalhá-los na psiquê humana, em bases de educação profunda, integral, para que o caráter se erija com a força da identidade espiritual da criatura).
Mas Jesus, "fitando-o" (auscultação profunda, leitura vibracional para identificação de potenciais), "amou-o" (integração, comunhão, acolhimento, identidade). Essa operação espiritual que se processa a todo instante nas vidas de todos os seres em jornada evolutiva é um marco de elevação ou de expansão espiritual, se o esforço de desprendimento e de aceitação moral prevalecer, como veremos a seguir... O desafio, nesse passo, não é mais separar o "bem" do "mal", mas discernir o "melhor" do "menos bom".
Os passos ascensionais que tentamos estudar à luz do Evangelho do Cristo se estampam na vida prática, pois todos eles constituem raios da Verdade que explica o Amor. Por exemplo, podemos tomar a evolução física e psicológica de alguém que acabou de nascer no Mundo. Atravessa a infância, chega à juventude e aí começa a complexidade do pensar, do agir, do buscar, que atinge culminância na maioridade. Embora tantas exigências, desejos, trabalhos, tudo isso é sintetizado e simplificado na velhice do corpo, quando as recordações se transformam em lições ou reconforto da pessoa.
À face disso, podemos entender o que Jesus diz ao jovem rico: "Faltate uma coisa: vai, vende tudo quanto tens, e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, toma a cruz, e segue-me". Ninguém será companheiro do Cristo, em comunhão perfeita, atado a sistemas e interesses, por mais esses interesses estejam acobertados pelos mantos ilusórios de missões espirituais ou de empoderamento religioso para domínio de mentes e corações! O "toque" espiritual do Cristo não é "domínio", e nunca estabelecerá "feudo", seja ele material ou psicológico-emocional. "Vender tudo quanto temos" (só temos por dentro da alma aquilo que a morte não pode levar, o resto não nos pertence) significa "sintetizar", "reunir em feixes", "tornar essência", e isso só é possível nas operações existenciais quando os semelhantes nos "compram" as propostas pelo câmbio da confiança, da necessidade, da troca ("O necessitado a quem socorres, fala de ti a Deus" - Emmanuel). Jesus opera em nome do Pai, sem nenhuma intervenção indébita (O Livro dos Espíritos, nota à questão 625): "Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma. Como ouço, assim julgo; e o meu juízo é justo, porque não busco a minha vontade, mas a vontade do Pai que me enviou" (JO
Quanto a "dar aos pobres", o destino de todos os que se iluminam pela Verdade e se santificam pelo Amor é cuidar dos que pelejam nos labirintos personalistas, que se gastam e se consomem nas artimanhas do materialismo, ensaiando, em dor e tormenta, a consciência desperta de um "Filho de Deus" ("Porque sempre tendes os pobres convosco, e podeis fazer-lhes bem, quando quiserdes; mas a mim nem sempre me tendes" - MC
A conquista da Vida Eterna está condicionada ao desprendimento de todo e qualquer bem que agreguemos ao nosso histórico evolutivo, e será pela humildade bem compreendida e aplicada que surgirá de nós a caridade, em sua exuberância espiritual. Do contrário, as quedas e os desníveis vibratórios e de comportamento nos roubarão a vida interior, que se tornará fragmentária e dolorosa: "Lançai, pois, o servo inútil nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes"(MT