O processo de nossa capacitação interna para usufruto da Vida Abundante (imortalidade gloriosa) se dá desde as mais mínimas coisas que, somadas, estabelecem os painéis de experiência e vida moral.
Atendidas com zelo e devoção as questões aparentemente simples e sem importância, somos projetados ao campo vasto das experiências de maior vulto: "Disse-lhe o seu senhor: Bem está, bom e fiel servo.
Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor" (MT
A harmonia, como alma das combinações sem dissonâncias, reflete a beleza do estádio em que se coloca o Ser em experimentação espiritual, em capacitação moral, por isso, é ela que deve ser buscada em todos os lances do caminho: "Se bem fizeres, não é certo que serás aceito? E se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo, mas sobre ele deves dominar" (Gênesis
Na culminância do Sermão Profético de Jesus, narrado por Mateus, observaremos algumas parábolas que ilustram aquele discurso metafórico e recamado de imagens fortes. Dentre elas, temos a que aborda a "vida eterna" e o "castigo eterno", referindo-se à separação dos bodes e das ovelhas (MT
Filosoficamente, podemos, em analogia, dizer que a "esquerda" é tudo aquilo que vem de baixo para cima, ou seja, todas as manifestações da criatura que "brotam" da matéria, induzindo-a a se despertar para valores mais essenciais e mais altos (moral), e, naturalmente, a "direita" é o que desce do céu, o que nos chega pelo "superconsciente", na feição de inspiração, de captação, de percepção, de ideal...
Dentro dessa ordem interpretativa, "cabrito" é um símbolo que surge da "esquerda", ou seja, são as experiências oriundas de nossa peleja com a matéria, de modo que as "ovelhas" surgem como entrosamento proveitoso entre a "esquerda" visitada pelas vibrações da "direita", portanto, as "ovelhas" guardam uma peculiaridade especial, já que representam a "harmonia" entre matéria e espírito, sendo elas muito úteis em sentido geral: "E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura; e atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta" (Gênesis
Note-se que apenas o que está harmonizado (figura emblemática de Abel) é convocado a usufruir do reino: "Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo" (MT
A partir dessa premissa de "julgamento" (análise, discernimento), vamos observar os muitos itens de justificação: fome e sede, estrangeiro, nu, enfermo, na prisão... Embora sejam condições sociais da Terra, todas elas vigem por dentro da alma, como expiações e provas de cada qual (o campo exterior da reencarnação reflete a realidade interior dos homens), daí a "evangelização" genuína se constituir de adoção consciente de novos padrões morais, para a "desmontagem" das força involutivas, nascidas da mente em desgoverno, em desalinho, fora da Lei de Amor, portanto, "diabólicas" (negação, desvio, desunião, adversário).
Assim, a Vida Eterna é a conquista do "Filho do Homem", que, discernido e harmônico, é alicerce vigoroso do "Filho de Deus", daquele que executa, como Jesus o fez, as vontades do Pai e Criador.
E o "castigo eterno" é a condição de todos os filhos do Grande Pai que se resolvem, por si mesmos, a negarem o bem - essa prerrogativa comum a todos na Criação –, até que se arrependam e façam valer sua destinação intrínseca, de origem divina. Como Deus nunca deixou de criar, todos os que iniciam a jornada da evolução poderão, pelo livre-arbítrio, eleger o desvio da rota, tornando-se adversários da harmonia cósmica. Daí o castigo, ou melhor, o sofrimento oriundo de suas próprias escolhas (causa e efeito), ser classificado como "eterno", enquanto "ilusão que salteia as inteligências" ainda débeis e duvidosas: "O Senhor me castigou muito, mas não me entregou à morte" (Salmos