O Espiritismo inaugurou na Terra o período da análise das equações que, por milênios, vêm desafiando os raciocínios dos homens, e, graças a essas "chaves" que a Terceira Revelação disponibiliza através do trabalho de Kardec, adentramos o universo cósmico sem as peias dos excessos místicos e sem a entronização do personalismo que limitou, na História Humana, as mais belas florações do espiritualismo e da religião: "Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito" (JO
Compreendendo o "pensamento de Deus" por "campo" infinito de realizações, em cuja expressão eterna se inserem os "filhos" de Sua Criação excelsa, vamos aprofundando o sentido de "céu", que, da mesma forma que "universo", transcende a concepção de quem o interpreta, de quem o entroniza e codifica, segundo o seu tempo, a sua transitoriedade, seus desejos e aspirações de momento... Por exemplo, quanto mais o homem pesquisa os astros, mais ele se impacta com a grandeza e a infinitude do Cosmos, o que o induz a descrer das afirmativas científicas do pretérito e avançar no rumo de novas teorias ou interpretações sobre o que vê e sente...
Relacionando, por recurso didático, o "céu" teológico com o "superconsciente" da "casa mental", citada por André Luiz na obra No Mundo Maior, torna-se possível entender que esse "céu" significa meta, concepção, aspiração maior, a fecundar o trabalho ou a evolução do indivíduo, do mesmo modo que a reverência religiosa de uma pessoa a induz a conquistar o "céu" por efeito de contenções e práticas específicas: "Aquele que vem de cima é sobre todos; aquele que vem da terra é da terra e fala da terra. Aquele que vem do céu é sobre todos"(JO
A "terra", por sua vez, é o terreno operacional, é o contexto de aplicação dos ideais e das propostas evolutivas. Essa "terra" deve ser trabalhada e se tornar piso de projeção espiritual para cada criatura, mas, se as ações do indivíduo negarem a Lei (consciência), ela pode "tragálo", aprisionando-o e escravizando-o. A crosta terrena, em que os encarnados se relacionam para um efeito, o do progresso e da elevação moral, não é a base primacial das experiências humanas, porque ela é uma projeção das potências que lhe estão abaixo, nas zonas mais densas e obscuras do Planeta, para onde os viciosos e negadores da vida, da Lei e do progresso são conduzidos em espírito, por efeito de sua afinidade com o "caos" moral - esse caldeirão de saturação elementar de vida interior: "E ouvi a toda a criatura que está no céu, e na terra, e debaixo da terra, e que estão no mar, e a todas as coisas que neles há, dizer: Ao que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro, sejam dadas ações de graças, e honra, e glória, e poder para todo o sempre" (Apocalipse
Essa gradação nos permite vislumbrar a missão de Jesus Cristo entre nós, o "pão que desceu do céu", a "luz do mundo", o "salvador". Com a chegada de Jesus ao "mundo" - seja este o próprio Orbe, seja o nosso "mundo interior" –, as potências que a tudo governavam são abaladas, e tanto o "céu" como a "terra" íntimos de cada qual se redimensionarão após os embates, os conflitos, a "destruição" dos templos até então edificados: "Diante dele tremerá a terra, abalar-se-ão os céus; o sol e a lua se enegrecerão, e as estrelas retirarão o seu resplendor" (Joel