O Caminho do Reino

CAPÍTULO 33

A VINDA DO FILHO DO HOMEM



Desde os registros do livro Gênesis, de Moisés, a dinâmica da vida é estudada a partir do "Haja Luz", momento em que, simbolicamente, há o despertamento mental das criaturas que iniciam sua jornada consciencial pelos domínios da Criação excelsa do Criador e Pai, a partir da Terra. Através de um simbolismo extraordinário, os processos evolutivos se patenteiam aos estudiosos e interessados em apreciar a gênese da vida conhecida em nosso Globo e para além dele, já que, na identificação da mecânica dualista tão bem registrada nesse primeiro livro da Bíblia, iremos depreender o elemento tese e sua antítese, caminhando para síntese, em escalas crescentes e inestancáveis: céus e terra, luz e treva, dia e noite, águas de cima e águas de baixo... (Gênesis 1:1-7).

Essa "dualidade" estabelece o dinamismo do aprendizado espiritual, facultando à individualidade imortal os movimentos de percepção e de fixação, para domínio pleno dos temas que interessam à sua depuração moral: "Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do Homem, que está no céu" (JO 3:13). É que o "Filho do Homem", como resultante moral das experiências múltiplas a que o Ser se submete, pelas reencarnações, moureja, como meta e destinação, nas faixas superiores que governam a Terra: "Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra"(Gênesis 1:26). É, portanto, sugestão do "céu" - ou, se o quisermos, da "água de cima" - sobre a "expansão" o que levou o Espírito André Luiz a trazer, pela via medianímica, a obra Evolução em Dois Mundos, demonstrando que não há progresso e elevação sem que o campo terreno seja devidamente "irrigado" por potências maiores, de exuberantes expressões essenciais, o que nos ajuda a compreender "espírito e matéria", "céu e terra", "luz e treva", "dia e noite", "águas e águas"...

Ainda nos símbolos do Gênesis, podemos lançar mão de dois personagens que nos dão a dimensão dessa dualidade, ou dos fatores material e espiritual, em confronto evolutivo para gerar essa "luz" de compreensão e vida: Caim e Abel. O primeiro é o fruto da maldição: "No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás"(Gênesis 3:19). É por esse motivo que Deus não presta atenção em sua oferta, pois esse filho do ciúme e da inveja (orgulho e egoísmo) está em regime de expiação (correção de rumo). Já Abel opera em abundância (era pastor), transpondo esse rito sinistro de mesquinhez e autodestruição: "E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura; e atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta" (Gênesis 4:4). Um "se enterrou" na matéria, fechando circuito sobre si mesmo, enquanto o outro ampliava seu próprio universo, em serviço multiplicador de bênçãos...

Quando remontamos ao Evangelho de Jesus, vamos encontrar o Mestre e Senhor, na altura de sua exemplificação divina, dizer de modo imperativo: "Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus" (MT 5:16). Ainda nessa passagem, os "céus" aonde se situa a concepção de "Pai" guardam as linhas mais genuínas de pureza e iluminação, de verdade e amor essencial. Portanto, entre ideal e aplicação, entre ética e vivência, entre espírito e matéria está o "campo-geratriz" do "Filho do Homem", porque compete a cada Espírito "fazer", no contexto de matéria em que se insere, a "vontade" de Deus, que se estampa em tudo o que é superior e essencial: "Então aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem; e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão o Filho do Homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória" (MT 24:30).