Apreciando a quarta laçada dessa espiral evolutiva que o Sermão Profético desenha, relativa aos versículos de 29 a 31, do capítulo 24 de Mateus (MT 24:29-31), antes das conclusões e ilustrações que vêm a seguir, graças à sabedoria infinita do Mestre inesquecível, temos a definição essencial da "manjedoura" em que surge o "Filho do Homem", no referido sinal que aparece no céu. Temos aqui a necessidade de explorar esse "céu", para além da atmosfera terrena em que os elementos materiais se conjugam como gases, portanto, quintessenciados. Por dentro de nós, a resultante das vivências somadas se projetam por valores de consciência, não são gases, mas são expressões morais, e elas formam o nosso céu íntimo, pois representam o homem novo, o "Filho do Homem": "Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia" (II Coríntios 4:16).
Cabe aqui uma justa reflexão sobre o papel das revelações em nossas existências, quando encarnados. "Quando o discípulo está preparado, o Pai envia o instrutor" (Nosso Lar, capítulo 26). A partir desta máxima, temos a lógica do processo evolutivo. Para que possamos perceber ou sentir algo maior e melhor, guardamos por Lei o dever de nos preparar, de criar "ambiência" psíquica, sem cuja base não poderiam "descer" até nós, num sentido de "impregnação vibratória", os grandes ideais, para efeito de "enxertia" moral, quando se iniciam os conflitos entre o velho (aquisições) e o novo (propostas, perspectivas) em nós, até que sejamos vencidos pela força da Verdade, ainda que resistentes e teimosos, caprichosos e levianos: "Porque esta é a aliança que depois daqueles dias farei com a casa de Israel, diz o Senhor: Porei as minhas leis no seu entendimento, e em seu coração as escreverei; e eu lhes serei por Deus, e eles me serão por povo" (Hebreus 8:10).
Toda revelação genuína, pois, obedece a um circuito de trabalho, uma vez que, quando ela chega, os elementos que a recebem estão, dentro de uma média que compreende alguns mais destacados que lideram o processo e os outros em gradações perceptivas, já capazes de seguir de algum modo os mais amadurecidos. Quando se instala a revelação, ela tem o papel de "sintetizar" aquele ciclo de experiências e de se tornar o alicerce moral para as projeções anímicas do grupo, visando outras conquistas espirituais, mais profundas e mais essenciais: "Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito" (JO 14:26).
Quando o sinal do "Filho do Homem", expressando renovação, se desenha no "céu", o denominado "senso moral" anuncia uma revolução conceitual e comportamental aos indivíduos em experimentação na carne e fora dela: "Então aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem; e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão o Filho do Homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória" (MT 24:30). Podemos entender as várias personalidades animadas por nós em diversas reencarnações pretéritas como essas "tribos" que "se lamentam", como a declarar sua relatividade, já que são "ensaios" e não poder real, pois em cada existência somos situados em circunstâncias distintas, em meios variados, com clima, idioma, interesses, condições, relações etc. os mais diferentes, exatamente para fixação dos valores aí disponíveis, até que ocorra a síntese de tudo, nesse "senso moral" ou manifestação do "Filho do Homem": "E ouvi como que a voz de uma grande multidão, e como que a voz de muitas águas, e como que a voz de grandes trovões, que dizia: Aleluia! Pois já o Senhor Deus TodoPoderoso reina" (Apocalipse 19:6). Inquestionáveis e compreensíveis são os termos "com poder e grande glória", pois, sob o prisma da evolução, o "Filho do Homem" é o resumo de todas as pelejas do Espírito em seu périplo pelas reencarnações. E o fato de se mostrar "sobre as nuvens" quer nos dizer que, nesse início de emancipação moral sobre a matéria, a criatura ainda não tem domínio sobre o fenômeno transformador que lhe ocorre, até que tudo seja efetivado de modo consciente, sob a regência de esforço e perseverança. O mesmo aconteceu com os discípulos, ainda sem firmeza e determinação no Evangelho, ao verem Jesus no Tabor, entre nuvens: "E, estando ele ainda a falar, eis que uma nuvem luminosa os cobriu. E da nuvem saiu uma voz que dizia: Este é o meu amado Filho, em quem me comprazo; escutai-o" (MT 17:5).
Esse fenômeno de transformação analisado por nós, sem qualquer pretensão, mas estribado nos valores que as Esferas Espirituais nos disponibilizam para apreciação, notadamente aqui no Além, dá ao estudioso maior dimensão de entendimento, a fim de interpretar o versículo anterior, que diz: "E, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas" (MT 24:29). Toda criatura é um universo diminuto no contexto da Criação infinita. Se há, no planeta em que se situa, uma visão cósmica no céu que lhe encobre as experiências físicas, existe, igualmente, no plano íntimo, em seu mundo interior, todo um sistema de gravitação, em que as claridades de um "sol", o brilho de "estrelas", a poesia de uma "lua" prevalecem, especialmente, nos afetos a que se devota, que podem estar figurados em pessoas (família, amores, amigos, parceiros) ou nos empreendimentos e impérios que logra edificar, consumindo-lhe as forças anímicas (dinheiro, poder, títulos, domínios, liderança). Quando refletimos sobre esse "abalo" das potências dos "céus", observamos que são todas muito relativas, pois dependem do "ponto de vista" em que cada um se coloca: "Não temais, ó pequeno rebanho, porque a vosso Pai agradou dar-vos o reino" (LC 12:32).
A reordenação moral do indivíduo que atravessou o caminho das "ilusões que salteiam a inteligência" (Pensamento e Vida, capítulo 1), ou seja, das impressões falsas de que o mundo de matéria é real, se dá com a resultante de suas decepções, amarguras, depressões, frustrações, desencantos, desilusões, quer dizer, com a sua "morte" moral. Essa resultante, a princípio destruidora (Lei de Destruição), é capaz de forjar em seu íntimo o real senso das coisas, da Criação: "Por isso diz: Desperta, tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá" (Efésios 5:14). As "marcas" de nosso longo aprendizado na Terra nos remetem à consciência da Justiça de Deus, que opera o resgate das almas e a integridade delas, daí o texto que fecha essa laçada da grande espiral que está descrita no Sermão do Senhor: "E ele enviará os seus anjos com rijo clamor de trombeta, os quais ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus" (MT 24:31). Considerando que "anjo" é virtude, as "virtudes dos céus", são os valores que "os seus anjos" representam que "determinam" a mudança de conduta, a princípio no arrependimento, e, em seguida, na disposição de "corrigir", passando a inspirar a criatura em suas ações regenerativas de cada dia. "Rijo clamor de trombeta" é a bela imagem que prevalece na consciência do indivíduo quando, já desmascarado pela Lei de Causa e Efeito, é obrigado a se reajustar: "Então disse Caim ao Senhor: É maior a minha maldade que a que possa ser perdoada" (Gênesis 4:13). E, como a transformação moral é completa, referindo-se ao "cair em si" (LC 15:17), ela se dá "desde os quatro ventos", reunindo, em síntese, "os escolhidos" - tudo aquilo que é advertência e valor moral decorrentes dos processos múltiplos vividos pela criatura, através de suas reencarnações.