1 Tendo pois nascido Jesus em Belém de Judá, em tempo do rei Herodes, eis que vieram do Oriente uns magos a Jerusalém.
2 Dizendo: Onde está o rei dos Judeus, que é nascido? Porque nós vimos no Oriente a sua estrela e viemos a adorá-lo.
3 E o rei Herodes ouvindo isto se turbou e toda Jerusalém com ele.
4 E convocando todos os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo, lhes perguntava onde havia de nascer o Cristo.
6 E tu Belém, terra de Judá, não és a de menos considera ção entre as principais de Judá; porque de ti sairá o condutor, que há de comandar o meu povo de Israel.
7 E então Herodes, tendo chamado secretamente os magos, inquiriu deles com todo o cuidado que tempo havia que lhes aparecera a estrela.
8 E enviando-os a Belém, disse-lhes: Ide e informai-vos bem que menino é esse; e depois que o houverdes achado vinde-me dizer, para eu ir também adorá-lo.
9 Eles, tendo ouvido as palavras do rei, partiram; e logo a estrela, que tinham visto no Oriente, lhes apareceu, indo adiante deles, até que chegando, parou onde estava o menino.
10 E quando eles viram a estrela, foi sobremaneira grande o júbilo que sentiram.
11 E entrando na casa, acharam o menino com Maria, sua mãe, e prostrando-se o adoraram; e abrindo os seus cofres lhe fizeram suas ofertas de ouro, incenso e mirra.
12 E havida resposta em sonhos, que não tornassem a Herodes, voltaram por outro caminho a suas terras.
Segundo nos informa Emmanuel em seu livro, A Caminho da Luz, as raças adãmicas guardaram a lembrança das promessas do Cristo que, por sua vez, a fortaleceu enviando-lhes periodicamente seus missionários. Os enviados do Infinito falaram na China milenária, da celeste figura do Salvador, muitos séculos antes do advento de Jesus. Os iniciados do Egito o esperavam. Na Pérsia, idealizaram sua trajetória, ante-vendo-lhe os passos no caminho do porvir. Na Índia védica, era conhecida quase toda a história evangélica, que o sol dos milênios futuros iluminaria na escabrosa Palestina. (Vide Emmanuel, A Caminho da Luz, págs. 30 e 31, edição de 1941).
Os magos eram sacerdotes. Na antiga Pérsia formavam uma corporação que se ocupava do culto religioso e do cultivo da ciência, principalmente da astronomia. O verdadeiro significado dá palavra mago é sábio. Eram respeitadíssimos pelo povo e dividiam-se em várias classes, cada uma das quais tinha privilégios e deveres distintos. Levavam uma vida austera, vestiamse com extrema simplicidade e não comiam carne. Éfora de dúvida que terão tomado conhecimento das profecias referentes à vinda do Messias, por meio dos israelitas, quando estes estiveram cativos na Babilônia. Estas profecias, guardadas carinhosamente no recesso dos templos, só eram reveladas aos iniciados nas coisas espirituais. Estudiosos da espiritualidade que eram, não lhes foi difícil compreender o verdadeiro caráter de Jesus e da missão que vinha desempenhar entre os homens, motivo pelo qual o esperavam através das geraçôes. Cultores da mediunidade que para eles não tinha segredos, são avisados pelos seus mentores espirituais, logo que Jesus se encarna. E comparando o aviso recebido com as profecias que possuiam, não duvidaram em ir prestar suas homenagens ao Messias, há tanto tempo esperado e desejado. A estrela que os guiava era um espírito que se lhes apresentava em forma luminosa.
Qual o objetivo que visavam os mentores espirituais, favorecendo a adoração dos magos?
O objetivo era chamar a atenção do povo hebreu de que o Messias prometido já se tinha encarnado.
Realmente, os magos despertaram a curiosidade do povo de Jerusalém, tanto que Herodes os chamou e os inquiriu sobre os motivos que os tinham trazido à cidade. Certos de que o povo escolhido também sabia da chegada do Cristo, candida-mente respondiam que o tinham vindo adorar.
De nada valeu o aviso. Israel não soube perceber o advento do Salvador.
13 Partidos que eles foram, eis que apareceu um anjo do Senhor em sonhos a José e lhe disse: Levanta-te e toma o menino e sua mãe e foge para o Egito e fica-te lá até que eu te avise, Porque Herodes tem de buscar o menino para o matar.
SC para o Egito.
15 E ali esteve até a morte de Herodes; para, se cumprir o que proferira o Senhor pelo profeta que diz: Do Egito chamei a meu filho.
16 Herodes então, vendo que tinha sido iludido pelos magos, ficou muito irado por isso e mandou matar todos os meninos que havia em Belém e em todo o seu termo, que tivessem dois anos e daí para baixo, regulandose nisto pelo tempo que tinha exatamente averiguado dos magos.
18 Em Ramá se ouviu um clamor, um choro e um grande lamento; vinha a ser Raquel chorando a seus filhos, sem admitir consolação pela falta deles.
Tendo sido avisados os poderes terrenos de que o Rei Espiritual da Terra viera iniciar o seu reinado no coração dos homens, a reação das trevas foi de ódio.
E deliberaram destrui-lo.
A Providência Divina, porém, foi com que o Messias fosse colocado em lugar seguro, enquanto se manifeStaVa o temporário poder das trevas.
Obediente às intuições superiores que recebiam, os magos voltam a seus países, sem se avistarem de novo com os perseguidores do menino.
É decretada a matança dos inocentes. As crianças atingidas por. este violento desencarne, eram espíritos em expiação. Em encarnações passadas muito tinham errado, tornando-se, desse modo, merecedores do castigo pelo qual passaram.
Durante o progresso do Evangelho, vemos as trevas se insurgirem contra ele em quatro ocasiões: A primeira, quando Jesus nasceu. A segunda, quando Jesus foi crucificado. A terceira, quando os Apóstolos se espalharam pelo mundo, levando o Evangelho a todos os povos; então assistimos às perseguições dos cristãos.
E a quarta é de nossos dias, quando, com o advento do Espiritismo, o Consolador que viria explicar o que Jesus deixou para mais tarde e reviver-lhe os preceitos, seus adeptos foram ridicularizados.
19 E sendo morto Herodes, eis que o anjo do Senhor apareceu em sonhos a José no Egito.
20 Dizendo: Levanta-te e toma o menino e sua mãe e vai para a terra de Israel; porque são mortos os que buscavam o menino para o matar.
21 José, levantando-se, tomou o menino e sua mãe e veio para a terra de Israel.
22 Mas ouvindo que Arquelao reinava na Judeia em lugar de seu pai Herodes, temeu ir para lá; e avisado em sonhos se retirou para as partes da Galileia.
23 E veio morar numa cidade que se chama Nazaré; para se cumprir o que fora dito pelos profetas: Que será chamado Nazareno.
Em preservar a vida do menino, defendendo-o de seus perseguidores, devemos admirar a obediência de José, esposo de Maria e pai de Jesus.
Obedecendo às intuições de seus guias espirituais e ao seu anjo da guarda, José rendeu um preito de adoração e de veneração a Deus, nosso Pai.
Se José não tivesse obedecido às inspirações superiores, teria falhado na missão que lhe fora conferida de velar pela infância de Jesus.
Observemos aqui a ação maravilhosa da mediunidade. Os magos, José e Maria, receberam as ordens dos planos superiores por meio da mediunidade que possuíam. Por aí vemos que todo médium que trata amorosamente de sua mediunidade e sabe obedecer às inspirações de seus superiores espirituais, tem, na própria mediunidade, um arrimo seguro para triunfar de suas provas e de suas expiações na Terra.