O Evangelho por Dentro

CAPÍTULO 2

SEQUÊNCIA LÓGICA



MT 3:2


DIZENDO: ARREPENDEI-VOS, POIS ESTÁ PRÓXIMO O REINO DOS CÉUS.

DIZENDO: ARREPENDEI-VOS, - João, o Batista - precursor do Mestre e figura culminante no processo da revelação prática da Lei de Justiça entre os de sua raça –, surgindo do deserto da Judeia, em que atesta o próprio ascetismo moral, diz: ARREPENDEI-VOS.

O quadro é dos mais sugestivos aos estudiosos das letras cristãs, interessados em seus símbolos e sequiosos por interiorizar sua mensagem eterna.

O deserto, cuja expressão simbólica, em aspecto moral e espiritual, significa a saturação da alma ante as experiências já trilhadas à exaustão e diante do futuro incerto e desconhecido, é recurso de depuração do ser pelos caminhos da vida, quando expiação e prova talham o caráter. Essa imagem vigorosa e inspiradora está presente em diversos textos bíblicos e podemos recordar Moisés, guiando seu povo pelo deserto, quando lança mão do fruto da TAMARGUEIRA com o intuito de alimentar sua gente.

Portanto, desde o deserto, o Batista opera como arauto da renovação, propondo, por instrumento afinado da Lei, o arrependimento pessoal, por ação vigorosa da consciência desperta em favor do inventário de suas realizações, a caminho da síntese evolutiva, tão evidente, quando Jesus se refere à queima do joio em feixes e ao armazenamento do 24 trigo em celeiros, conforme as anotações de Mateus (Mt 13:30) : DEIXAI CRESCER AMBOS JUNTOS ATÉ A CEIFA E, NO TEMPO DA CEIFA, DIREI AOS CEIFEIROS: RECOLHEI PRIMEIRO O JOIO E ATAI-O EM MOLHOS PARA OS QUEIMAR; O TRIGO, PORÉM, REUNI NO MEU CELEIRO.

POIS ESTÁ PRÓXIMO O REINO DOS CÉUS. - Embora as amarguras, medos e incertezas dos homens acerca de sua destinação, gerando as ansiedades e os desequilíbrios, fomentadores das ambições infundadas, das vaidades, das presunções, filhas do orgulho e do egoísmo, o plano augusto de Deus se cumpre pela força mesma dos acontecimentos, obedecendo a ciclos de semeadura e colheita.

Pelo exercício de suas faculdades, o ser humano alcança, entre escolhas e vivências, a maturidade de si próprio, conquistando o juízo universal proposto pela Lei Divina, no denominado SENSO MORAL (A Gênese, Capítulo 3, item 24).

O REINO DOS CÉUS guarda a conotação de conjugação de virtudes, de confluência harmônica de potenciais trabalhados no tempo. Daí o imperativo da conversão ao legítimo Bem por parte dos iludidos a propósito de si mesmos - operação que é levada a efeito pelas vidas sucessivas, cada qual implantando componentes fixadores do caráter, sem o que jamais haveria arrependimento por parte de desertores e levianos circunstânciais.

Com base nestas reflexões, podemos compreender a atitude do considerado BOM LADRÃO, que, crucificado ao lado de Jesus, manifestou reverência e compaixão, diante do que (arrependimento sincero) o senhor o avisa: [. ] TE DIGO QUE HOJE ESTARÁS COMIGO NO PARAÍSO (Lc 23:43) .

A obra da evolução nos convence a todos acerca desse REINO DE AMOR, quando, então, se compreende a sublime rogativa: MISERICÓRDIA QUERO E NÃO OFERENDA (Mt 9:13; Mt 12:7) .