"O poder criador do Eterno nutre de vida a Criação inteira, e é esse poder inestancável que gera todas as probabilidades do existir para as criaturas, desde as expressões acanhadas do Princípio aos puros Espíritos, que, destacados por suas realizações íntimas, comungam as potências do Supremo Doador. Esse poder criador do Pai apenas se representa, por efeito das afinidades trabalhadas em cada filho, como reflexos d’Aquele que não se explica, mas se deixa sentir, pois tudo o que existe, em transformismo permanente, é devido a Ele — o alfa e ômega do que é cognoscível. Por uma didática divina e crescente em suas manifestações, conhecer é determinismo para todos os que foram criados, pois, reconhecendo o poder imanente da Vida, desenvolve-se a consciência, entre sentir e pensar, para que a Vontade expresse a identidade do Ser imortal, em clara reflexão dos propósitos divinos da Causa de tudo".
As sínteses do magnânimo Sábio me conduziam as forças intrínsecas a um concerto de beleza e harmonias sem fim. Recordava os ensinos do Benfeitor Emmanuel a cada nota que fluía daquela verve sublimada: "Sentindo, pensas; pensando, ages... ". Confirmava eu, pelas assertivas de Sócrates, que nosso despertar para a Vida se processa no reconhecimento das forças conjugadas, pelo mecanismo da cocriação que "coagula", para efeitos didáticos e de promoção da consciência, as potências divinas, a fim de que os que apenas começam a jornada evolutiva tenham condições adequadas ao seu florescer mental, qual ocorre às crianças com seu mundo lúdico e carente das adequações educativas para galgarem, por si, as etapas de afirmação na existência. A sensação é uma espécie de "leitura" energética que, primeiramente, conduz os Princípios 1nteligentes nas faixas mais elementares da Natureza tidas por "domínios do instinto" aos padrões superiores da racionalidade. E, para as mentes ainda pouco amanhadas, os "simples e ignorantes" Seres dos mundos primitivos, a sensação mais apurada promove reflexões, sobre as quais se estrutura o pensamento objetivo, formando conceitos que balizarão a existência da criatura...
Entrevia eu a família humana se esfalfando em expiações e provas — essas notas de desenvolvimento moral — como meio de depurar informações e registros os mais diversos, para fundamentação da consciência, onde, segundo a Revelação dos Espíritos, inscrevem-se as Leis de Deus. Mas será da consciência desperta, ou seja, dos valores morais oriundos da somatória de incontáveis experiências práticas e filosóficas, que se erigirá a Vontade — esse poder sintético e sábio dos Seres –, para reflexão límpida da vida que se constitui do amor de nosso Pai.
Muitas vezes, focados apenas na existência física, perdemos o nosso poder de abstração que nos levaria às antevisões mais sublimes. Daí a importância das genuínas propostas filosóficas, porque a mente voeja pelo Infinito e pode colher, se equilibrada e menos tendenciosa, os registros e inspirações de natureza superior. Fechar circuito sobre acontecimentos corriqueiros, na feição de desafios e problemas, tanto quanto sobre si mesmo, em regime exclusivo — as posturas egoicas —, implica estacionamento, paralisação, o que impõe dor e sofrimento, já que a dissolução é providência sábia e imperiosa a evitar a queda ou a imobilidade das mentes em evolução.
Quando nos permitimos digressões tão vigorosas e sublimes quanto as que recebemos pelas genuínas revelações — e o grande Filósofo operava isso em nosso benefício naqueles Paços do Infinito —, relativizamos o poder da matéria em suas expressões menores, condicionantes, porque, se a mente não se escraviza, ela reflete, assegurando o fluxo e o refluxo das possibilidades que não têm fim...
A partir dessas constatações, entendemos melhor o que significa fé e confiança, paciência e humildade, perdão e caridade... Ao nomearem as virtudes, todas elas filhas do Amor puro, as Inteligências que nos orientam e governam em nome do Misericordioso Pai codificaram, para a comunidade terráquea, a essência das lutas e das pelejas que se conjugam para a genuína iniciação das criaturas na 5erdade imutável de Deus. Daí reconhecermos o fulgor da missão de Jesus, que as viveu em plenitude para, além do conhecimento e da conscientização, torná-las vida — e vida em abundância!