Religião Cósmica

CAPÍTULO 15

CIÊNCIA E SABEDORIA



(Tiago 1:5)

Quanto mais avançamos espiritualmente, logrando o domínio do mundo íntimo, mais nos damos conta de que evolutir é sinônimo de compreender. Utilizamos, na Terra, muitos termos para expressar estados de alma, porém, raras vezes, a Sabedoria reina, pois o jogo das ideias e das palavras criam os labirintos do personalismo para saturação das mentes e amadurecimento emocional. Determinados conceitos do emérito Sábio grego, emanados em favor de nossa edificação espiritual naquele evento sublime, permitiram-me avançar no domínio dessa ciência. Afirmava ele, da altura conquistada por sua devoção à Verdade: "Se aceitamos o Amor por "força essencial" da Vida cósmica, nossa herança inexpugnável na Criação do Eterno, tudo o que esse Amor gera pode ser interpretado por Sabedoria. O sábio é sempre alguém que compreendeu por efeito de sentimento. A ciência disseca e adverte, pontuando, mas a Sabedoria reúne todos os fatos e pontos de referência descobertos ou trabalhados num conjunto de harmonização, rumo à unidade da força e da vida. Seria a síntese irretocável, fazendo nascer e expandir em dinamismo e vida as potências da Verdade Divina... ".

Emmanuel já assinalava em suas mensagens iluminativas que "a Sabedoria é calma e operosa, humilde e confiante", como a dizer que ela domina e por isso espera otimista, ciente da vitória. Percebemos que a ciência é sempre inquieta, seu papel é arguir, duvidar, especular, investigar, comparar, provocar, testar... Por isso, é obra intelectual, não propriamente moral. Moral, em sua expressão de ética do comportamento, se dá por efeito das descobertas e confirmações científicas. É uma resultante. Notamos isso no arcabouço doutrinário do Espiritismo. Quantos são informados, mas não convertidos?... Quantos especulam, mas não se convencem?... Quantos integram estudos e observações, sem aderirem, pelo sentimento, às consequências morais das revelações lógicas e sensatas?... Temos para nós que esses expoentes da ciência espiritual que não se demovem de suas resistências e dúvidas, classificandoas de misticismo, são almas ainda jovens ou cristalizadas por efeito de decepções, dores e inconformações pessoais. Só o tempo, por efeito de saturação, ou a ação do Amor puro, tangendo-lhes por mecanismos insondáveis, poderá demovêlos desse estado curioso e especulador, mas insensível...

A Sabedoria, como aquisição sublime dos Seres que fazem e sentem e aprendem, permitindo-se, sem bloqueios e traumas, "navegar" pelas "correntes vibratórias" das existências corpóreas, fundamenta em si a compreensão, que se difere do movimento mental de entender simplesmente. Essa compreensão, por sua profundidade e abrangência, conjuga obediência e resignação, naquele sentido exposto em O Evangelho segundo o Espiritismo: "A obediência é o consentimento da razão; a resignação é o consentimento do coração". Toda manifestação de tolerância deve ser regida, para se legitimar, pela compreensão — essa visão clara e harmônica dos fenômenos da vida –, pacificando a mente da criatura e assegurando-lhe serenidade diante de provas e acontecimentos alheios à sua vontade.

A Sabedoria é conquista evolutiva de alto grau e, por isso, laureia os Espíritos que fazem bom proveito de suas experiências reencarnatórias, pois ela, instaurando o "bom senso" ou "senso moral", livra o indivíduo de todos os percalços que poderiam embaraçá-lo por algum tempo na caminhada rumo ao progresso e à perfeição. É por efeito do sentimento nobre e digno diante dos fatos e acontecimentos da jornada que a Sabedoria se instaura nas estruturas íntimas do Ser, passando a reger os movimentos da criatura, qualificando suas prerrogativas de livre-arbítrio, abrindo-lhe o discernimento e dando-lhe uma clarividência psicológica sem par...

Efetivamente, a ciência é a raiz e se sublima se o coração adere e acompanha, porque então sua culminância é a Sabedoria - a harmonização do intelecto com o moral.