Religião Cósmica

CAPÍTULO 17

OBSCURANTISMO E INÉPCIA



(JO 8:12)

Tangendo, com sua capacidade espiritual de elevada condição intelecto-moral, os aspectos sublimes da Criação infinita, com seus movimentos crescentes de vida e amor, o emérito filho da Antiga Hélade, descortinando-nos os horizontes de vida que nos aguardam pela Vastidão Sideral, interpretou nossas criações infelizes na Terra, dentro de uma órbita tão respeitosa e lúcida, que me pus a meditar nas muitas e tamanhas dores que nos impomos, por deliberação pessoal: "A negação e a inércia, em aspecto moral, são como a loucura e o suicídio para o Ser em evolução. Representam o egoísmo e o orgulho que devastam as florações morais do campo humano, cujo jardim referto de possibilidades e encantos foi zelosamente formado pelo Cristo que nos ama. O Sol, como símbolo vibrante do poder da vida sobre a Terra, é igualmente uma expressão singela, embora potente, da presença do Criador em toda parte, a fomentar recursos e bênçãos. Quando as mentes humanas se encarceram na negação e na inutilidade, pelo culto de si mesmas, uma amálgama de maldição se estabelece, neutralizando por algum tempo o fluxo do amor e da vida que abundam no Cosmos. Verdadeiro sepulcro das almas, são capazes de enlamear e congelar valores e sonhos, anseios e liberdades. Vosso orbe, em termos humanos, tem experimentado as mais sombrias perspectivas, pois as mentes - nada obstante as luzes semeadas desde a mais remota antiguidade e mesmo o exemplo indelével de Jesus –, embotadas em si mesmas, através de suas criações fantasiosas e contrárias à Vida, teimam em deturpar e perverter, como se pudessem estagnar o que o Eterno cria e faz vibrar em favor de tudo e de todos... Nessa escuridão comportamental, somente os que lutam, em fervor e trabalho útil, sem detença e sem resistências, triunfam, porque mesmo a grande massa que se afivela às religiões nelas costuma coagular os princípios da Vida e o fulgor da Verdade... ".

A cocriação em plano menor inclui todos os processos de obsessão que devastam a genuína cultura espiritual do mundo, incensando o materialismo e entronizando o prazer vicioso, que permite o usufruto sem responsabilidade, sem qualquer respeito à Lei de Causa e Efeito. Observamos isso, em suas linhas essenciais, nos ambientes até religiosos, onde a mensagem do Evangelho é cultuada exteriormente, em campeonatos de cultura intelectual, mas raramente moral. Sempre entendi a massa humana como sendo a gleba inculta necessitada do esforço do lavrador, que são os mais conscientes das Verdades Divinas. Líderes e representantes, não somente da política, mas igualmente das religiões, têm falhado desastrosamente, permitindo, com seus desvios, o desencanto e a descrença de muitos seguidores, além do incentivo que sua queda moral sugere aos que demonstram tendências infelizes, ávidos, tantas vezes, por um álibi consciencial que lhes permita adentrar o caminho da devassidão e do crime em suas múltiplas expressões. Nesse passo, ganham terreno não somente as relações irresponsáveis, por força da libido e das fantasias eróticas, por ausência de contenção consciente e reeducativa, mas também a usura por bens e dinheiro fácil, quando não a fama e a adoração exterior como meio de satisfazer a imensa vaidade que, qual praga, cobre o campo dos sentimentos daquele que foi chamado a servir...

As sociedades terrenas, dentro do que Sócrates tão bem delineou em suas considerações, se escravizam, há milênios, às criações mentais de natureza contrária à obra do Criador. Os governos que se sucedem, com algumas exceções que sempre custam muito caro a seus dignos representantes, camuflam os reais objetivos de domínio e usurpação do povo, maquiando ações, com o explícito objetivo de manter castas e privilégios — modelo que prevalece em todas as áreas de atividade social e econômica, mesmo nas academias culturais e religiosas, lamentavelmente. Muitos companheiros do mundo indagam, ao perceberem esse sinistro e congelante modelo vivencial da Crosta, se o Mais Alto não enxerga essa realidade e por que não opera em favor da libertação humana... Hoje, bebendo a linfa da verdade possível nesses Paços da Criação de nosso Pai, digolhes que a obra é do tempo e se dá por saturação, o que significa o respeito de Deus às escolhas de seus filhos. Quem acorda, se melhora, melhorando o meio em que se experimenta. Não há ingerência, pois nós, os Espíritos libertos e mais conscientes, podemos, muitas vezes, neutralizar a ação maléfica, mas nunca poderemos combatê-la, quando ela é escolha da maioria por deliberação de seu arbítrio.

O vício humano é sua paixão pela matéria, e essa força manifesta do Ser em relação a seu meio é exercício psíquico, para que um dia se converta em amor, por obra da conscientização espiritual. É crer no Bem e materializá-lo todo dia, por testemunho de elevação e progresso!