Religião Cósmica

CAPÍTULO 20

DUALIDADE E EQUILÍBRIO



(Eclesiastes 3:1)

"A força mental é o brado do Espírito que luta por sua emancipação no Cosmos. Mostra-se no instinto elementar de sobrevivência enquanto organiza as formas com que participa dos reinos inferiores na Terra e alcança as expressões inteligentes assim que aporta o reino hominal, com suas conquistas multimilenares. Essa força é bendita e promotora nos alicerces da vida organizada, mas pode ser desviada e pervertida quando inteligente, em razão das escolhas caprichosas e ilusórias. Nas expressões rudes e viciosas que conheceis na Terra, um artifício nuclear que dizima povos inteiros guarda, em sentido inverso e negativo, a mesma potência de uma emissão mental inteligentíssima que espraia recurso de vida numa nebulosa do Infinito. No ínfimo e no macro, a força mental é o dínamo que cria e destrói, forjando, em expressão dual, o equilíbrio que regula a consciência. Mesmo as nebulosas estelares são passíveis de desagregação e até confronto, como ocorre às massas de ar quente e frio gerando tempestades renovadoras. A Criação infinita é um território sem limites mensuráveis onde os Seres, em gradações evolutivas crescentes, exercitam seu poder criador e solidário em múltiplos aspectos, mas invariavelmente submetidos ao Criador excelso".

Nem sempre, em nossos estudos da vida universal, logramos sentir a harmonia e a beleza dos processos que fazem expandir a Criação Divina pelo infinito dos sóis. Quando imaginávamos outrora os reinos sublimados que nos aguardam, geralmente ideávamos a inércia e o elitismo, como ocorre na Terra aos mais abastados e incensados pelas ilusões. Muita gente ainda não se deu conta do motivo pelo qual os Espíritos inseriram em O Livro dos Espíritos, a base do Espiritismo, a Lei de Destruição, que assegura o dinamismo da evolução, impondo trabalho em diversas direções para os Seres em desenvolvimento. Quanto mais evolvido o Espírito, mais ocupado com a Vida em seu fluxo incontrolável. Tudo é mente na Criação, se podemos sintetizar nela o fulcro do pensamento contínuo com que nos identificamos e passamos a ser, efetivamente. André Luiz, Espírito, já sugeria em sua obra psicografada por Chico Xavier que vivemos na "mente" de Deus. Quando Jesus afirmou "meu reino ainda não é deste mundo", reconhecia o domínio das imperfeições ou impurezas que marcavam os movimentos dos homens terrenos. A inversão é caminho, embora de dor e aflição, porque a inversão é contraponto no Universo, gerando a dualidade que pode ser interpretada por margens de um rio cósmico, cujas águas, símbolo do equilíbrio, carreiam a riqueza que interessa a todos nós.

A imantação encontrada nos elementos radioativos é contraponto à imantação que enriquece de vida uma nebulosa estelar... Uma desagrega através de implosões que explodem o meio, e a outra, bendita, floresce em meio fértil de vida, para impregnação positiva e agregadora no Amor... O "confronto" citado por Sócrates ao se referir às nebulosas guarda natureza diversa das lutas sangrentas e dizimadoras de vida na Terra: são evoluções conjuntas de Princípios e Seres que se graduam ou se dispõem a descidas astrais, para manutenção do dinamismo evolucional dos mundos...

Observemos os fenômenos psicológicos que se dão continuamente na Crosta. Uma mente saturada de angústia e revolta é nutrida por elementos de mesma natureza que, primeiramente, implodem possibilidades anímicas da criatura, para, em seguida, explodir em ações decorrentes da destruição interior. Os crimes de toda expressão, seja na corrupção, seja na prostituição, seja na hipocrisia, seja na ingratidão ou na indiferença, são todos resultantes de desagregação moral interior, anunciando as violências contra o meio...

O Evangelho de Jesus, quando afirma que a fé do tamanho de um grão de mostarda pode transportar montanhas, noticia que, se a criatura acredita em seu coração, ela faz a sua evolução, mas, se teme e se acanha, é refém das forças que a rondam, caminhando confusa para lugar nenhum... A evolução consciente é o determinismo que a força mental implanta no imo da criatura. Quando isso ocorre, ela já não mais é integrante de um grupo que segue imantado, geralmente afivelados uns aos outros numa dependência até obsessiva. Emancipa-se sem desprezar nada e ninguém, para alavancar, com respeito, onde e com quem está, o progresso que interessa a todos e à própria felicidade. Em grande parte da marcha, segue sozinha por testemunho de sua vontade, mas, com o lastro moral que adquire após tanta peleja vencida por seu idealismo espiritual, triunfa, respirando uma serenidade e uma paz ainda inacessíveis aos inquietos e descrentes, viciados em julgar e exigir, para compensação de sua indolência moral.