Religião Cósmica

CAPÍTULO 3

COCRIAÇÃO



(Gênesis 1:1, JO 1:1-3, Hebreus 1:3, Colossenses 1:16-17, Salmos 19:1, Romanos 1:20)

Muito inspirador distender os olhos para o Céu e sonhar com os mundos felizes, guardando os pés chafurdados na Terra... Curiosamente, ao vencermos as faixas mais densas do planeta, entendemos o quão sagrado é esse solo terráqueo, esse alicerce de vida interior, sem o qual não lograríamos nos projetar ao Infinito... Por mais belas e habilidosas sejam as nossas mãos, elas não seriam o que são sem o apoio dos pés a segurar o corpo em que essas mãos se ajustam. Parece óbvio, mas há aí uma ciência e uma poesia que nos desafiam os sentidos. É o efeito da simplicidade que nunca será sinônimo de inexperiência ou ingenuidade. Naquele ambiente do Instituto de Pitágoras eu bem podia sorver o efeito da depuração espiritual de Seres muito avançados em escalas variadas, porque a nota dominante neles era a tal simplicidade. Uma sabedoria calma e diligente, humilde e fervorosa, como ainda não sentira e não vira na Terra... Definitivamente, a improvisação não é obra de Deus, apenas ansiedade ou vaidade do homem!

Busco, nestes singelos relatos, dividir as notas luminescentes do pensamento de Sócrates para um efeito didático, já que o meio por que pude colher as ondas de vida daquele Arauto do Cristo ultrapassam o mecanismo elementar de aprendizado terreno — que reduz consideravelmente as potências do Espírito que necessita reencarnar e viver mais de sensações do que de sentimentos eletivos. Aí no mundo, predomina a "sobrevivência", pois a grande maioria dos habitantes da Terra está em condição revisional de posturas elementares, para fixação dos alicerces morais. Aqui, no ambiente dos sábios e dos que buscam decifrar a natureza essencial do Criador e Pai, o que prevalece são os valores essenciais do Espírito — e notese que ainda não estamos falando dos anjos, dos arcanjos. O elo que se forma num grupamento como o que integrei por algum tempo se dá por afinidade mental, expressando os anseios de evolução consciente em Deus, mas com lastro em sentimentos laborados nas pelejas das reencarnações, mesmo que essas experiências não contenham, todas, um cunho de acerto e de correção, mas que expressem, porém, notas de conscientização e abertura de alma, de coração, para a vida mais alta.

Ao expor, com poderosa carga vibracional que nos impactou a todos, a verdade de que "pensamento é vida", o grande Instrutor encadeou, através de imagens sublimes que se projetavam de sua mente, o Princípio e o Verbo, os Seres e os mundos, os átomos e as consciências, os orbes e as mentes que os acrisolam em galáxias, em constelações, demonstrando que tudo está contido na Emanação Inteligentíssima de Deus... Ali estava a divina síntese: Deus, Espírito e Matéria! "As criações mentais ainda primitivas ajudam a formar os fulcros de vida embrionária, quando os Princípios 1nteligentes se agrupam, formando ninhos de possibilidades energéticas como elementos coaguladores dos anseios imediatistas dos que apenas se despertam para a vida, com suas mentes embotadas pela matéria diversificada em que foram acalentados e donde surgem para a depuração psíquica, no rumo da espiritualidade genuína... ".

Ao sintetizar a Lei de Interdependência para surgimento de "campos vibratórios" como os que conhecemos na Crosta terrena, na feição de elementos minerais, vegetais e animais — que formam os alicerces para surgimento do homem —, vislumbrava as multiformas desses reinos naturais, recamados de vida e da vibração pulsante de Princípios e Seres, uns ansiando embrionariamente e outros coordenando a força desses anseios, num ensaio de humanização, prestes a se desabrochar em vida organizada e moral... "É real?... " - indagou o ex-esposo de Xantipa, provocandonos as percepções em desenvolvimento no Além. "Sim, essas cocriações elementares são reais para o universo da relatividade, porque no Plano do Absoluto, do Insondável, todas essas formalizações são irreais, são apenas "plasmagens" sem fundamento espiritual de longo curso... Os homens começam a estudar a força do pensamento e vão descobrindo que todo o sensório cerebral é simples decodificador da potência que estua no Cosmos. A música existe em cadências diversas, em oitavas múltiplas, para interpretação momentânea dos Seres, consoante sua capacidade de auscultação e sensibilidade, mas as notas essenciais que são ordenadas pelas pautas, compondo as sinfonias, revelam o sentimento do Criador, a se expressar na Criação em dinamismo e beleza sem fim. São ondas de amor que se propagam, se refundem, se reinventam... ".

O sublime expositor nos capacitava a compreender que as cadeias de pensamento são como as estruturas que vão da intimidade atômica às estrelas em conjugação, associando Princípios e Seres em evolução, em expansão de possibilidades, para cumprimento do determinismo divino: a perfeição e a felicidade!