Religião Cósmica

CAPÍTULO 32

LEI DO TRABALHO



(JO 5:17)

"Depreende-se das Leis eternas nascidas da suprema Sabedoria e do supremo Amor que o Criador e Pai de tudo o que existe delegou aos filhos de sua Perfeição a prerrogativa do trabalho cocriador por alongamento de seu poder e inderrogável Justiça. Graças a essa inestancável força de progresso que brota das entranhas espirituais de Princípios e Seres, a obra da Criação se distende sempre mais e mais, gerando circuitos de expansão de potências, como que a ilustrar em prismas evolutivos os mais diversos a beleza e a fecundidade inestancáveis dessa Fonte de Amor e Vida... O movimento dos Espíritos abre estradas na Criação que subsiste no Criador, e sua adesão aos propósitos divinos então revelados a cada passo de seus esforços, por essa busca sem fim, qualifica-os, concedendo-lhes o selo divino, a identidade crescente com o Eterno, a realização interior.

Avançando no espaço e no tempo que se redimensionam ao infinito, descobrimo-nos internamente, em nossas potências imortais. E nessa incursão dicotômica, entre exterior e interior, a Verdade se espelha em sublime consciência moral, revelandonos facetas e atributos cada vez mais potentes do Eterno... ".

Jesus afirmara: "Meu pai trabalha até hoje e eu trabalho também... ". Esse "demiurgo" da Terra, conforme expressão utilizada por Herculano Pires em diálogo público com Chico Xavier numa rádio de São Paulo, em pura consciência expõe que o Pai cria incessantemente, enquanto os Espíritos operam na Criação, dando-lhe dinâmica e contornos os mais variados para atendimento das necessidades evolutivas dos que remanescem na caminhada de progresso e despertamento espiritual. Trabalho é interpretado pelos Espíritos como "toda ocupação útil" e trata-se de uma Lei universal. E é exatamente o trabalho que assegura ao Espírito em evolução o seu mérito, desvelando de dentro de si as potências que seriam apenas abstração se a força realizadora, em escalas tão diversas e crescentes, não lhe permitisse fazer seja o que for, dando "corpo" ou "materializando" seus anseios, seus sonhos, suas concepções...

Muitas vezes, dentro de um espírito de seita e com sabor dogmático, mesmo os espiritualistas se restringem a práticas adorativas de natureza exterior, reproduzindo hábitos e concepções de religiões materialistas e pagãs em aspecto político-dominador, e o fazem até instintivamente, sem maiores reflexões, por necessidade de refúgio e compensação consciencial ante os desafios e lutas travados na existência. Entendemos, à luz dos ensinos espirituais, que as mentes escravizadas a semelhantes cultos externos experimentamse pela sugestão dessas práticas e deixam-se "imantar", de modo místico, do que recebem de sacerdotes e condutores humanos. Sem dúvida, isso define uma espécie de submissão e interiorização, expressando ainda a ignorância e o acanhamento das concepções acerca do Criador e de suas Leis, mas é um esboço inequívoco de despertamento moral.

A primeira necessidade da criatura ainda inconsciente, em seus vagidos espirituais em mundos que passam da primitividade à condição de expiações e provas, como a Terra, é conhecerse, tomar ciência de suas prerrogativas de vida interior. Essa é a grande tarefa de nossa Terra até este momento de transição, quando descortina uma abertura considerável para a denominada "Regeneração", que se institui em bases espirituais mais sólidas e mais lúcidas, já estudando o Universo e o próprio Criador através de claras percepções das Leis Morais da Vida. A chegada do Consolador que foi prometido por Jesus define esse momento de intercessão entre passado e futuro da Humanidade. Até aqui, as almas foram trabalhadas pelas circunstâncias existenciais, através de inúmeras reencarnações, com apoio intenso das faixas espirituais adjacentes à Crosta, para se verem e se sentirem em suas prerrogativas morais-espirituais. A autodescoberta é caminho seguro para a percepção mais clara de Deus e da Criação sem fim. O trabalho a que se entregam todos os Princípios e Seres, ainda que não se deem conta disso (insciência e inconsciência), se processa por correntes circunstânciais de vida relativa, quando criaturas mais adiantadas alavancam, com apoio de outras ainda mais evoluídas, a movimentação e o progresso dos mais embrutecidos e menos experimentados.

Só o Amor vibra em poder real e eterno. Até essa conquista interior, laboramos incansavelmente todas as expressões de matéria que têm sua geratriz nas emanações da Mente Divina. O trabalho de desbravamento interior nos acessa o infinito de Deus, e esse fenômeno de vida abundante é Amor em expansão.