Como descrever, para os irmãos encarnados na Terra, os Espaços Siderais em que nos movemos, de onde colhemos informes e vibrações mais elevadas para a nutrição de nossos anseios e ideais de Espírito?... O pensamento humano na Crosta está viciado por um materialismo que não existe, que não é real, e permanece cristalizado numa racionalidade preconceituosa e horizontal que nada tem a ver com os movimentos de vida universal — movimentos que exigem, para serem registrados e incorporados, a maleabilidade moral da mente, entre razão e sentimento. Vista de cima, das Esferas Espirituais melhores, a vida física é um campo de batalha, com os homens e as mulheres vestidos das ilusões guerreiras e combativas. Geralmente, com exceções ainda reduzidas, sobrevivem por ações apenas defensivas, quase nunca daquelas atitudes que promovem a dissolução do mal, dos ódios e das incompreensões... As reações comuns e dominantes se dão por revolta e inconformação, poucas vezes se vendo aceitação e humildade, que solveriam as raízes dos males pessoais e coletivos... Esse quadro moral do mundo, agravado pela somatória de experiências reencarnatórias de grande parcela dos habitantes do globo, não mais diz respeito à barbárie e à primitividade, mas sim ao culto de vícios interpretativos e de posturas. É uma enfermidade coletiva, sem dúvida de natureza obsessiva, porque saímos de um bloco pouco habilitado em termos de evolução consciente e adentramos os círculos saturadores de vícios, de desvios, de adulterações, de corrupções morais...
Existe um peso específico no corpo espiritual, e o que define esse peso é a condição mental da individualidade que, nessas estruturas mais sutis, se projeta e se estampa. Não se trata de peso corporal, mas vibratório, gerando energias de teor específico, a impedirem percepções maiores e mais elevadas à mente, ou conduzindo essa mente, em sublimação de potenciais, a novos e promissores domínios da Casa Universal... O corpo material é apenas um sepulcro que guarda as sementes divinas numa letargia estranha, mas proveitosa, qual ocorre ao casulo da lagarta, desenvolvendo nela as asas e a nova forma alada da borboleta. Pensamentos vigorosos e conceitos bem fundamentados são a resultante desse condicionamento reencarnatório, pois representam para o Espírito em labor evolutivo, entre realidades internas e expressões mutantes de matéria constritora, asas que o deixam voar pelo Infinito ou mesmo raízes que asseguram seu vigor moral.
A expressão sublimada dos Espaços onde se situa o Instituto Celeste de Pitágoras foge à condição perceptiva e de imaginação dos encarnados, ainda tão materializados no plano mental. Poderíamos falar de luzes e cores, de peplos celestiais, de períspiritos diáfanos, de cavatinas desconhecidas, de transportes etéreos e de uma infinidade de descrições meramente exteriores, fomentando admiração e mesmo adoração religiosa, mas não se trata disso. Os efeitos não são as causas, e somente as causas nos interessam. Por exemplo, as imagens que os homens veem na atmosfera: nuvens dançantes, cintilações astrais, o vigor de um arco-íris... Tudo isso é efeito, não realidade, parecem, sugerem, porém não são reais. Quando dizemos da beleza dos Paços Celestiais, ultrapassando em tudo o que conhecemos na Terra, não desejamos salientar enfeites decorrentes da cocriação em plano maior e melhor, como o faz um turista em visita a regiões desconhecidas e diferenciadas de seus panoramas habituais. Desejamos dizer das aquisições íntimas, das vibrações que circulam, obviamente gerando imagens surpreendentes e inspirando sentimentos os mais belos, todavia reais, efetivas, promotoras...
À frente de Sócrates e ao lado do Benfeitor Gabriel, que ali nos ambientara por bondade e paciência — uma indiscutível autoridade vinculada à obra do Evangelho no planeta —, pude adentrar o que se me afigura o universo que me espera em esforço e abnegação pessoal. Surpreendi-me ao ser devassado pela força espiritual do grande expositor, que se valia do magnetismo sublimado já adquirido no tempo para tangernos, em diminuto e seleto grupo de aprendizes, as almas ainda vinculadas ao orbe terráqueo, com um ou outro visitante de círculos vizinhos à nossa casa...
Não tenho como sumariar, em linguagem tão reduzida, as forças que se movimentaram no ambiente e em mim... Foi uma espécie de enxertia do zambujeiro na oliveira divina, para que, de algum modo, esse zambujeiro, uma planta rude, assimilasse o que lhe espera em termos de evolução consciente e cósmica, sem a grosseria das formas e dos hábitos nocivos... O que sei é que mais uma vez a Misericórdia do Pai, através de Jesus, me colheu para novos e promissores investimentos vibracionais. Nada tem aqui de intelectualidade, falo de vida e vida sem as peias e os vícios da nossa sofrida família humana!
Pedi aos Benfeitores poder pinçar e divulgar, de algum modo, o que me projetou a alma a regiões e Seres nos quais a Verdade e o Amor já expressam consciência e trabalho essencial. A simplicidade de coração e a devoção ao Sumo Bem ali dominante funcionaram por "colírio" revelador aos meus olhos, e pude vislumbrar a cegueira espiritual que domina os sistemas de vida na Terra, onde cada indivíduo, submetido a escravizantes trabalhos de resgate e saturação de ilusões, julga ser modelo de virtude, com direitos inalienáveis na Criação... Entendi como nunca o papel da dor e do sofrimento — não são maldições e nem mesmo escolha de Deus para seus filhos, mas estado enfermiço de desagregação mental viciosa.
A todos os que elevam seus olhos e seus corações às estrelas, que fitam o heroísmo silencioso, humilde e caridoso de Jesus Cristo, que prestam atenção e consideram de alma os ensinos morais dos Bons Espíritos, que pelejam em si mesmos para se superarem nas angústias e tristezas, nas adversidades e provas, para quantos se esquecem e focam o serviço do Bem a fazer, renovando esperanças e acreditando no poder da Luz, em verdade e alegria, eu ofereço essas singelas notas de um coração que tem sede do infinito de Deus e se esforça por compreender a genuína Religião Cósmica da Vida: o Amor!