Religião Cósmica

CAPÍTULO 7

NOÇÕES DE LIBERDADE



(JO 8:32, Gálatas 5:1, Gálatas 5:II Coríntios 3:17, Tiago 1:25, JO 8:36)

"Fonte da Vida e do Amor, o Criador é a suprema expressão da Liberdade, e toda a Criação, em sua essencialidade, revela essa Liberdade, que é o alicerce de florescimento do amor e da vida. O maior desafio das criaturas nascidas da Vontade Divina é a conquista dessa Liberdade por dentro de si próprias. Até agora, no mundo terrestre, as instituições e mesmo a religião são presídios de melhor ou pior expressão. Muitos de vós, egressos desse orbe, receberam por lá o desenvolvimento da Filosofia Espiritualista, que teve seu berço na Antiga Hélade, onde eu estivera por algum tempo. O trabalho do dedicado educador Rivail, permitindo-nos deixar ecoar a nossa "voz" junto dos homens, com a liberdade que aquele tempo ensejava, sem imiscuir-se nos ensinos através de julgamentos puramente humanos, permitiu a mentes e corações beberem numa fonte impoluta, sintética, simples e desataviada do institucionalismo pedante dos homens, porque não passa de personalismo degradante, reducionista do poder de espírito que enaltece todas as criaturas de Deus. Aquela sublime Filosofia contém a seiva da Sabedoria universal e é capaz de estimular o Amor puro que a Humanidade identifica e reconhece no Cristo a quem temos a honra e o júbilo de servir nos Paços do Infinito".

As assertivas de Sócrates me proporcionavam grave e elevada percepção do momento evolutivo da Terra. Palmilhara eu, desde tempos antigos, o poder temporal, a filosofia dominante em regiões e tempos distintos, os ofícios religiosos e dogmáticos posteriores, até que meus anseios floresceram no ambiente da Revelação última, bebendo a filosofia ímpar e elevada dos Espíritos, com Allan Kardec. Tangendo as cordas de nossa sensibilidade profunda, o ilustre visitante me capacitava a compreender o tema Liberdade, como nunca pude. Na contramão de irresponsabilidade ou indiferença, Liberdade é entrega, é comunhão, é reverência, é autoperdão e perdão incondicional, a definir respeito e consideração, devoção e felicidade.

Obviamente não se improvisa uma conquista desse quilate, pois ela é corolário do dever primeiramente imposto e depois espontâneo, porque sem ilustração, sem evolução suficiente, a mente não identifica a harmonia do Universo, a onipresença do amor de Deus, os objetivos santos da Vida... São livres os que amam e não se detêm em pormenores, em conjunturas, em circunstâncias, em condicionamentos... Recordo-me de Emmanuel a dizer que em Jesus extinguem-se todos os processos. É a Liberdade em toda a sua pujança. Enquanto lutamos com o ego, desconhecendo a Justiça e a Misericórdia do Pai nos acontecimentos, mesmo os aparentemente adversos a nossos interesses, estamos presos, condicionados, e não somos livres. Geralmente abordamos o "livre-arbítrio", e ele, efetivamente, é uma abertura no terreno das escolhas, para definição das experiências ou graduação delas. Mas esse livrearbítrio não é a Liberdade, porque ela é consciência desperta, permitindo à alma ou ao Espírito "ver e sentir de cima", do cume da "montanha da elevação".

Allan Kardec, como um símbolo de trabalhador e mesmo do trabalho que realizou no mundo, merece uma releitura, apoiada em pesquisas sérias, que ambientem o nascedouro do Consolador. E dizemos isso estimulado pela força moral de Sócrates ao tanger o assunto, como copartícipe daquele movimento de libertação do pensamento humano. Não se trata de questão religiosa, pois religiosidade é caminho exclusivo da alma que se embebe das Verdades Divinas, distante de cultos e preceitos fechados impostos por alguém. A Liberdade que a Doutrina dos Espíritos revela e propõe nunca foi vista ou sentida na História humana, porque é um conjunto de princípios que perfazem uma constelação harmônica de vida interior, aprovisionando a mente de valores sábios, para que o coração da criatura seja inflamado de belos e promissores sentimentos.

Digo, sem medo de errar, que "livre-arbítrio" é o rudimento da Liberdade como a vejo e sinto nos Espíritos já libertos dos condicionamentos terráqueos. Poderíamos comparar esse livre-arbítrio por nós estudado como o "instinto" em relação à "inteligência". A evolução é a conquista da Liberdade, e não há regras que subsistam quando ela floresce, pois a genuína verve ou caráter de uma criatura se revelará não por condicionamentos repetidos e obedecidos, embora o seu papel educativo em mundos de expiações e provas, mas ao encontrar-se a si mesma, em sua origem e destinação divina, entre Sabedoria e Amor.