Tão fácil relegar ao infortúnio os nossos irmãos caídos!!… Muitos passam por aqueles que foram acidentados em terríveis enganos e nada encontram a fim de oferecer-lhes senão frases como estas: “eu bem disse”, “avisei muito”… No entanto, por trás da queda de nosso amigo menos feliz estão as lutas da resistência, que só a Justiça Divina pode medir.
Esse foi impelido à delinquência e faz-se conhecido agora por uma ficha no cadastro policial; mas até que se lhe consumasse a ruína, quanto abandono e quanta penúria terá arrastado na existência, talvez desde os mais recuados dias da infância!…
Aquele se arrojou aos precipícios da revolta e do desânimo, abraçando o delírio da embriaguez; contudo, até que tombasse no descrédito de si mesmo, quantos dias e quantas noites de aflição terá atravessado, a estorcegar-se sob o guante da tentação para não cair!…
Aquela entrou pelas vias da insensatez e acomodou-se no poço da infelicidade que cavou para si própria; todavia, em quantos espinheiros de necessidade e perturbação ter-se-á ferido, até que a loucura se lhe instalasse no cérebro atormentado!…
Aquele outro desertou de tarefas e compromissos em cuja execução empenhara a vitória da própria alma e resvalou para experiências menos dignas comprometendo os fundamentos da própria vida; no entanto, quantas tribulações terá aguentado e quantas lágrimas vertido, até que a razão se lhe entenebrecesse, abrindo caminho à irresponsabilidade e à demência!…
Diante dos companheiros apontados à censura, jamais condenes! Pensa nas trilhas de provação e tristeza que haverão perlustrado até que os pés se lhes esmorecessem, vacilantes, na jornada difícil! Reflete na corrente de fogo invisível que lhes terão requeimado a mente, até que cedessem às compulsões terríveis das trevas!… Então, e só então, sentirás a necessidade de pensar no bem, falar no bem, procurar o bem e realizar unicamente o bem, compreendendo, por fim, a amorosa afirmação de Jesus: “Eu não vim à Terra para curar os sãos.” (Lc
(Reformador, setembro de 1969, p. 216)