Alma e Coração

Capítulo VI

Dar



As maiores transformações de nossa vida surgem, quase sempre, das doações que fizermos.

Dar, na essência, significa abrir caminhos, fundamentar oportunidades, multiplicar relações.

Muitos acreditam ainda que o ato de auxiliar procede exclusivamente daqueles que se garantem sobre poderes amoedados. Em verdade, ninguém subestime o bem que o dinheiro doado ou emprestado consegue fazer; entretanto, não se infira daí que a doação seja privilégio dos irmãos chamados transitoriamente à mordomia da finança terrestre.

Todos podemos oferecer consolação, entusiasmo, gentileza, encorajamento.

Às vezes, basta um sorriso para varrer a solidão. Uma frase de solidariedade é capaz de estabelecer vida nova no espírito em que o sofrimento crestou a esperança.

A rigor, todas as virtudes têm a sua raiz no ato de dar.

Beneficência, doação dos recursos próprios.

Paciência, doação de tranquilidade interior.

Tolerância, doação de entendimento.

Sacrifício, doação de si mesmo.

Toda dádiva colocada em circulação volta infalivelmente ao doador, suplementada de valores sempre maiores.

Quem deseje imprimir mais rendimento e progresso em suas tarefas e obrigações, procure ampliar os seus dispositivos de auxílio aos outros e observará sem delonga os resultados felizes de semelhante cometimento. Isso ocorre porque em todo o Universo as Leis Divinas se baseiam em amor — no que, no fundo, é a onipresença de Deus em doações eternas.

Em qualquer soma de prosperidade e paz, realização e plenitude, o serviço ao próximo é a parcela mais importante, a única, aliás, suscetível de sustentar as outras atividades que compõem a estrutura do êxito.

Dá do que possas e tenhas, do que sejas e representes, na convicção de que a tua dádiva é investimento na organização crediária da vida, afiançando os saques de recursos e forças dos quais necessites para o caminho.

“Dá e dar-se-te-á” — ensinou-nos o Cristo de Deus. (Lc 6:38) Unicamente pela bênção de dar é que a vida de cada um de nós se transformará numa bênção.




(Reformador, agosto 1969, p. 178)