“Não vos escrevi porque não sabeis a verdade, mas porque a sabeis…” — (1Jo
Evidentemente o Espírito encarnado surpreende na vida física muitas dificuldades que não consegue evitar, sejam as que se originam dos constrangimentos educativos da evolução, sejam aquelas outras que se lhe vinculam à liquidação dos desajustes por ele próprio perpetrados em existências anteriores.
Ponderemos, no entanto, que muito mais numerosas são as dificuldades outras que ele mesmo cria, no trato da experiência comum, agravando o acervo dos compromissos menos felizes que carreia para a frente na jornada espiritual.
Esse, em consequência de deslizes no pretérito, traz determinadas peças orgânicas em condições delicadas; entretanto, se persiste abusando das próprias forças, de que forma se lhe socorrer a saúde? Outro se revela, no dia a dia, por exagerada agressividade, e, por isso mesmo, como subtraí-lo ao perigo se acalenta declarada inclinação ao desastre? Muitos anseiam por ternura e calor humano, transformando-se em azedume e incompreensão para os melhores amigos…
Queremos todos a felicidade e a paz; todavia é preciso reconhecer que a paz e a felicidade se nos levantam do íntimo.
Eis porque as lições do Evangelho — desde que aceitemos Jesus por Mestre — nos percutem a inteligência, a todos os instantes da vida, não porque desconheçamos a verdade, mas justamente porque não a ignoramos, já que nos achamos informados de que, para sanar débitos e desacertos, é forçoso que a nossa vontade funcione, sem o que será sempre impossível qualquer ação em nós mesmos no sentido de corrigir ou de resgatar.
Reformador, setembro 1970, p. 194.