Evolução em Dois Mundos

Capítulo XV

Passe magnético



Em verdade, para conseguirmos alguma ideia precisa no dicionário terreno, com respeito ao poder do fluido magnético, que constitui por si emanação controlada de força mental sob a alavanca da vontade, será interessante figurar o nosso veículo de manifestação como sendo o Estado Orgânico em que nos expressamos na condição de Espíritos imortais, em multifária graduação evolutiva.

Semelhante esfera celular, para a nossa conceituação mais simples na técnica fraseológica das criaturas encarnadas, pode ser dividida em duas partes essenciais — o hemisfério visível ou campo somático e o hemisfério por enquanto invisível na Terra ao sensório comum, ou campo psicossomático.

No primeiro, temos o comboio fisiológico tangível, capaz de oferecer positivos elementos de estudo à perquirição histológica.

No segundo, encontramos o perispírito da definição kardequiana, ou corpo espiritual, que preside a todas as formações do cosmo físico.

Observando, assim, o carro de exteriorização da inteligência por um Estado Orgânico, perfeitamente estruturado em sua base e comportamento, é fácil interpretar-lhe os órgãos como províncias diferenciadas entre si, não obstante conjugadas em sintonia de ação para os mesmos fins, e apreciar-lhe os milhões de células como entidades microscópicas em comunidades distintas, como povos infinitesimais a se caracterizarem por atividades específicas.

Representando o sistema hemático, no corpo humano, o conjunto das energias circulantes no psicossoma, energias essas tomadas pela mente, através da respiração, ao infinito reservatório do fluido cósmico, é para ele que se encontra intimamente associado ao estímulo nervoso ou aparelho de comunicação entre o governo do Estado simbólico a que nos referimos e suas províncias e cidadãos — os órgãos e as células.

Correspondendo a centros vitais do perispírito — que não podemos entender agora, por ausência de terminologia adequada entre os homens —, temos o eritrônio, o leucocitônio e o trombônio, tanto quanto o sistema retículo-endotelial e os gânglios linfáticos, dando nascimento, no plasma sanguíneo, às coletividades corpusculares das hemácias, dos leucócitos, dos trombócitos, dos macrófagos e dos linfócitos a se dividirem através de famílias numerosas, em trabalho incessante, desde as usinas geratrizes do baço e da medula óssea, do fígado e dos gânglios, até o estroma dos órgãos.

Reconhecendo-se a capacidade do fluido magnético para que as criaturas se influenciem reciprocamente, com muito mais amplitude e eficiência atuará ele sobre as entidades celulares do Estado Orgânico — particularmente as sanguíneas e as histiocitárias —, determinando-lhes o nível satisfatório, a migração ou a extrema mobilidade, a fabricação de anticorpos ou, ainda, a improvisação de outros recursos combativos e imunológicos, na defesa contra as invasões bacterianas e na redução ou extinção dos processos patogênicos, por intermédio de ordens automáticas da consciência profunda.

Toda queda moral nos seres responsáveis opera certa lesão no hemisfério psicossomático ou perispírito, a refletir-se em desarmonia no hemisfério somático ou veículo carnal, provocando determinada causa de sofrimento.

A dor, portanto, dessa ou daquela forma, é sempre uma situação de alarma ou emergência, mais ou menos durável no império orgânico, requisitando o socorro externo da medicina do corpo ou da alma, na execução do alívio ou da cura.

Pelo passe magnético, no entanto, notadamente naquele que se baseie no divino manancial da prece, a vontade fortalecida no bem pode soerguer a vontade enfraquecida de outrem para que essa vontade novamente ajustada à confiança magnetize naturalmente os milhões de agentes microscópicos a seu serviço, a fim de que o Estado Orgânico, nessa ou naquela contingência, se recomponha para o equilíbrio indispensável.

Assim é que orar em nosso favor é atrair a Força Divina para a restauração de nossas forças humanas, e orar a benefício dos outros ou ajudá-los, através da energia magnética, à disposição de todos os Espíritos que desejem realmente servir, será sempre assegurar-lhes as melhores possibilidades de auto-reajustamento, compreendendo-se, porém, que se o amor consola, instrui, ameniza, levanta, recupera e redime, todos estamos condicionados à justiça a que voluntariamente nos rendemos, perante a Vida Eterna, justiça que preceitua, conforme o ensinamento de Nosso Senhor Jesus-Cristo, seja dado isso ou aquilo “a cada um segundo as suas próprias obras”, (Mt 16:27) cabendo-nos recordar que as obras felizes ou menos felizes podem ser fruto de nossa orientação todos os dias e, por isso mesmo, todos os dias será possível alterar o rumo de nosso próprio roteiro.


A questão envolve, na base, o estudo da partícula do pensamento, em sua composição de estrutura e potencial, para o que ainda não possuímos qualquer recurso nas definições humanas.



Uberaba, 11 de junho de 1958.



(Esse capítulo foi psicografado por Waldo Vieira)

Definição somente aplicável no Plano Físico mais denso. (Nota do Autor espiritual.)