Símbolo do amor simples e puro, da humildade e da bondade, Francisco Cândido Xavier o famoso médium — é hoje focalizado de Transinha. Respondendo 19 perguntas, em momento algum, esquivou-se e procurou demonstrar em todas, um retrato singelo da verdade, a verdade que se vê tangida em sua própria pessoa. Dispensamos a colocação das perguntas porque as respostas estão dizendo tudo.
R — Convenhamos: O mundo moderno passa por grandes experiências e crise para elevar-se, aperfeiçoando-se com o amparo da Providência Divina.
R — Simbolicamente, se o mundo hoje fosse submetido a tratamento num gabinete de psicologia, à feição de um doente, é provável que o ódio se destacasse nele, como sendo uma enfermidade dominante. Entretanto, isso é transitório como são transitórios todos os desequilíbrios da individualidade, considerando-se a individualidade na sua condição de Espírito imperecível. O amor, porém, é a base da vida e o mundo se recuperará pelo amor que Deus nos concedeu como a essência de tudo o que existe.
R — Na sua condição de Cristianismo Redivivo, a divulgação do Espiritismo Evangélico, quanto mais ampla, mais benefícios trará para a coletividade.
R — Recebi a primeira mensagem psicográfica, na noite de 8 de Julho de 1927.
R — Um ser humano, extremamente falível e que tanto mais reconhece as próprias fraquezas e deficiências, quanto mais se estuda.
R — O que mais me decepcionou é sempre a persistência de meus erros, através do tempo e da vida.
R — A vida é um dom de Deus que nos cabe aperfeiçoar cada vez mais, valorizando-o pela utilidade que possamos ter em favor dos outros e pela aquisição de conhecimentos ou recursos dignos que nos façam cada vez mais úteis.
R — Tenho muita vontade de ser teimoso no serviço de minha própria autoeducação, mas admito que sou muito pacato na conservação de meus defeitos.
R — Aos 17 anos de idade, meu ideal era o de encontrar uma profissão com que conseguisse a melhor remuneração possível para compartilhar com meu pai, das despesas domésticas.
Sempre dediquei a meu pai muito amor e veneração, doendo-me vê-lo com a família numerosa, com escassos recursos para sustentá-la.
R — Ficaria tão feliz se pudesse dizer que já realizei algo de bom, no entanto, isso não acontece. Mas estou contente, porque a bondade de Deus ainda me concede a felicidade de trabalhar.
R — Se ouvir música, sempre a boa música de qualquer procedência, é um “hobby”, tenho esse.
R — Creio que Deus concedeu direito e deveres iguais, tanto ao homem quanto à mulher. A emancipação de um e de outro, com base no desempenho das obrigações atribuídas a um e outro, a meu ver, é uma ocorrência natural a que todos chegaremos com o progresso, em todas as Nações.
R — Sinto por Uberaba o amor que a gente consagra à terra em que nasceu. Mudei-me para cá, à procura de um clima que me curasse de labirintite persistente. Encontrei a cura e descobri uma cidade repleta de bênçãos pelo trabalho e pela fraternidade, pela compreensão e pelo respeito mútuo que caracterizam todos os seus filhos.
R — O trabalho foi sempre para mim uma bênção de paz e refazimento, com o qual encontro o esquecimento, pelo menos temporário, das imperfeições que carrego.
R — Estou infinitamente distante de alcançar mínimo grau de perfeição. Sou um animal em serviço e peço a Deus que me conserve nas disciplinas desse mesmo serviço, para não complicar os meus condutores, aos quais devo, de algum modo, retribuir as atenções que recebo.
R — Creio que a melhor sugestão para o êxito em questões de relacionamento humano é aquela de Jesus quando nos recomenda: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. (Jo
Isso os ajudaria a se amarem reciprocamente, com mais respeito mútuo, aprendendo na escola da vida a tolerância e a compreensão que os fariam adquirir o amor sublime, que persiste na Terra e além da própria morte.
R — De Umbanda tenho lido alguma coisa e vejo no Movimento Umbandista um campo religioso muito respeitável, pela fé viva e pela caridade que lhe inspiram e animam os profitentes. De Quimbanda, nada conheço ainda.
— Vera, você acredita que possam haver na Terra fórmulas de paz e felicidade, harmonia mental e compreensão mais elevadas e mais eficazes que as de Jesus? Se nos perdoarmos uns aos outros e se uns aos outros nos amarmos, sem a selvageria das paixões possessivas, não admite que a Terra seria uma estância de alegrias perenes? Deixemos estas perguntas no ar endereçadas a nós todos.
R — Nas atividades humildes que exerço, sinto-me à feição do capim num lençol de grama comum. O capim está no campo simplesmente porque aí nasceu. E existe muito capim no campo para se desdobrar no solo, com a enxada e a tesoura da vida para colocar o capinzal em condições de servir.
Entrevista de Vera Arantes Campos, responsável pela seção “Transinha” do “Jornal da Manhã”, Uberaba, MG, 17 de agosto de 1972.