A Terra e o Semeador

Capítulo XIV

Alma, Ciência e Religião



145 — VIDA NA TERRA E NOUTROS PLANETAS

1 — Deus, o Grande Arquiteto do Universo, teria escolhido especialmente esse sujo de mosca que é a Terra, por algum motivo muito especial para a grande Criação Humana? Ou haveria gente também em outros planetas de diferentes galáxias?

R — Devo confessar a minha insignificância e pequenez para responder à pergunta formulada com relação aos Propósitos Divinos, criando a Terra para o crescimento e educação do Homem. Ainda assim creio que a Terra é um mundo-escola verdadeiramente prodigioso pelos recursos de evolução que nos oferta, merecendo a nossa profunda gratidão e o melhor respeito. Acrescentamos, ainda, que acreditar-nos sinceramente na existência de outras Humanidades em outros Planos do Universo, com expressões de vida semelhante e de vida diferente da nossa.


146 — CRIAÇÃO

2 — Se Deus é bom e inteligente, por que perder tempo com as diferentes reencarnações, para purificação dos espíritos, fazendo a criatura prosseguir na grande escala de diferentes planos espirituais quando seria mais fácil criar o Homem já perfeito? Não haveria uma perda de tempo, digamos assim, muita burocracia nessa viagem Astral?

R — Admito seja lícito observar que Deus criou o Homem e permitiu que o Homem criasse o Robô para avaliar a diferença.


147 — A MORTE DE HITLER

3 — O senhor teria condições de perguntar a alguém do Além se Hitler realmente morreu? Em caso positivo, seria possível fazer uma entrevista com ele? Que pensamentos teve Joana D’Arc quando estava sendo devorada pelas chamas? Seria possível essa reconstituição histórica?

R — De minha parte, não tenho acesso a revelações sobre as questões formuladas, cabendo-me pedir a Deus pela paz de Hitler, onde ele estiver, e reverenciar o heroísmo de Joana D’Arc, cuja memória é para nós todos um poema de amor à Justiça, esculpido em exemplos de fé.


148 — O DILÚVIO E OS MICRÓBIOS

4 — Depois do Dilúvio, quando Deus salvou Noé mandando que ele construísse uma barca para colocar diferentes bichos da criação, ele ordenou por acaso que se salvassem também os bacilos da Sífilis e da Tuberculose?

R — Não dispomos de autoridade para entrar em conceitos bíblicos, mas sem o menor desejo de fazer humor e sim no objetivo de raciocinar com acerto, ficamos a pensar que os Céus terão salvo Noé, no tempo do grande Dilúvio, e os companheiros de Noé terão salvo os bacilos da Sífilis e da Tuberculose que os auxiliariam, no curso da vida humana, para a regeneração espiritual deles mesmos, através das enfermidades do corpo.


149 — SÃO PAULO E A REENCARNAÇÃO

5 — São Paulo, não a cidade, mas o Santo, disse que só se morre uma vez. Como é possível aceitar, como válida, essa afirmativa, e ao mesmo tempo, a tese da Reencarnação?

R — Os Amigos Espirituais nos recomendam confrontar os textos evangélicos, referentes ao estudo. Diz o Apóstolo Paulo, no Hb 9:27: “E assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez e, depois disto, o juízo…”, mas no 1co 15:54 ele mesmo exclama: “E quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade e o que é mortal se revestir de imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrita: “tragada foi a morte pela vitória”. Nossos benfeitores da Vida Maior nos asseguram que o Apóstolo Paulo, em declarando que o homem morre somente uma vez, se reportava ao homem ainda impregnado de animalidade, que as reencarnações aperfeiçoam e que, um dia, despido de toda imperfeição terrestre, se habilitará, em definitivo, para a imortalidade em plena luz.


150 — ALMA, CIÊNCIA E RELIGIÃO

6 — Chico, como a Espiritualidade define a busca da alma pelos soviéticos, que ainda agora revelaram ter fotografado o espírito? Aqueles que tradicionalmente são materialistas seriam no campo da ciência os pioneiros da comprovação que o Espiritismo sustenta há tanto tempo?

R — Os Benfeitores Espirituais nos afirmam que as experiências científicas do materialismo tenderão sempre para as realidades do Espírito e que a Terra caminha para a integração da Ciência com a Religião para que atinjamos todos a felicidade e a paz, nos múltiplos campos de progresso da Humanidade.


151 — O MÉDIUM E SUAS DENOMINAÇÕES

7 — Qual a diferença entre o médium e o chamado “cavalo” da Umbanda?

R — O médium na função de intermediário entre os homens encarnados e desencarnados pode estar em qualquer organização humana, conquanto, por vezes, receba denominações diferentes. Observados na posição de condutores de personalidades, recursos, ideias e auxílios diversos, imaginemos que os médiuns de variados tipos sejam comparados a automóveis e cavalos. Todos terão a sua importância particular. Um automóvel pode cobrir distâncias e oferecer apoio a grupos de pessoas de que um cavalo jamais seria capaz, no entanto, em compensação, um cavalo pode se encarregar de tarefas e alcançar determinadas regiões com a precisão e a segurança que um automóvel não pode atingir.


152 — TELEVISÃO — RETORNO

8 — O senhor pretende voltar à televisão?

R — Por enquanto, não temos qualquer plano de retorno à Televisão, mesmo porque devemos declarar que a nossa passagem pelo vídeo obedeceu a circunstâncias inesperadas, sem qualquer intenção preparatória de nossa parte.


153 — “SINAL VERDE”

9 — Seu próximo livro está a caminho? Como se chamará?

R — O próximo livro da lavra mediúnica sob nossa responsabilidade tem o nome de “Sinal Verde” e é de autoria do nosso Benfeitor Espiritual André Luiz.


154 — RESPEITO A IGREJA CATÓLICA

10 — O que pensa dos ataques da Igreja Católica à sua missão?

R — Os Espíritos Amigos nos afirmam que a nossa atitude perante a Igreja Católica deve ser invariavelmente a do respeito e do amor que ela mesma nos ensina a cultivar para com todos os seres humanos, em nome e em memória de Nosso Senhor Jesus-Cristo.


155 — DIVÓRCIO

11 — Sobre o divórcio, Chico, você é pessoalmente contra ou a favor? E o que dizem os amigos do Alto? É razoável uma consulta popular no Brasil a respeito?

R — Cabe-nos declarar a nossa imensa veneração pelo casamento, pela organização da família, pelo caráter sagrado do lar e pela responsabilidade nos compromissos assumidos, no campo das relações sexuais, mas somos a favor do divórcio, pormenorizadamente estudado em lei para a consideração dos diversos casos em si. Isso porque, sempre que a união de dois seres possa envenenar-se a ponto de se comprometerem ambos com ameaças de suicídio ou homicídio, a separação é aconselhável. Não conseguimos admitir que Deus haja estabelecido o direito de alguém torturar legalmente outro alguém.


156 — A CHINA E A POLÍTICA INTERNACIONAL

12 — Sobre a China e seus 800 milhões de filhos, Chico, o que acha você do seu papel perante o mundo? Devemos procurar estes irmãos e oferecer-lhes os nossos produtos? A China terá posição decisiva neste fim de ciclo?

R — Do ponto de vista de Humanidade todos os seres humanos na Terra são irmãos, diante da Providência Divina. Entretanto, no tocante às relações de povo a povo e considerando que cada povo se marca em características diferentes, entre si, o assunto deve ser da competência de nossos governantes e legisladores, indicados pelos nossos valores comunitários para sabermos se essa ou aquela espécie de intercâmbio se nos faz conveniente. Quanto a sabermos se a China terá posição decisiva neste fim de século, na condição de religiosos peçamos a Deus para que ela esteja progredindo e caminhando para o Bem de seus filhos e para o Bem de todos os homens, já que nós todos na Terra temos necessidade de segurança e de paz, no desempenho das nossas obrigações perante Deus.


157 — TENENTE BANDEIRA

13 — Na Guanabara vive um irmão, Alberto Jorge Franco Bandeira, que era tenente da Aeronáutica, foi acusado de um crime de morte, cumpriu pena, foi beneficiado por livramento condicional, e proclamou sua inocência. A vítima chamava-se Afrânio Arsênio de Lemos. O crime ocorreu em 1952. Por acaso o Alto teria alguma elucidação a respeito? Alguma palavra de conforto e esperança para este irmão, que se não tivesse sido injustiçado seria hoje coronel da Aeronáutica?

R — Sempre refletimos no Tenente Bandeira, amplamente focalizado pela imprensa, nutrindo por ele a maior simpatia. Estamos certos de que a Justiça do nosso País, sempre aberta aos ideais da equidade, saberá tratá-lo, na solução do problema de que ele vem sendo objeto, com a elevação que lhe conhecemos.


Francisco Cândido Xavier
Emmanuel


Entrevista concedida ao jornalista Zair Cansado, em Uberaba, MG, a 16-3-1972.


Citação parcial para estudo, de acordo com o artigo 46, item III, da .