“… Depois, erguendo os olhos ao céu, Jesus disse: Efatá — que quer dizer: Abre-te.” — (Mc
A palavra do Cristo, ao surdo e gago, intimava-lhe as faculdades do espírito a se abrirem para a vida.
Quantos de nós precisamos hoje consagrar atenção ao divino apelo? Quantos problemas nos cruciam a alma, por trancá-la às sendas libertadoras que a experiência oferece?
Encerrados, quase sempre, no poço do “eu”, nada mais lobrigamos que a sombra das ilusões a que nos afazemos, esbanjando tempo e força em lamentáveis reclamações.
O Senhor nos solicita a descerrar passagens no mundo íntimo, a fim de que os dons inefáveis da Espiritualidade Superior nos enriqueçam de alegria e de luz.
Necessário verificar se carregamos sentimentos e raciocínios, olhos e ouvidos, lábios e mãos fechados ao entendimento e ao serviço.
Indispensável abrir o coração à bondade, o cérebro à compreensão, a existência ao trabalho, o passo ao bem, o verbo à fraternidade…
Não só isso. Imperioso abrir igualmente o livro edificante ao estudo, a bolsa à beneficência, a capacidade à cooperação e o caminho à hospitalidade.
O sol, para sustentar o mundo, pede horizontes abertos.
Diante do enfermo de espírito, encarcerado em si próprio, disse Jesus: “Abre-te.”
Saibamos acolher a advertência sublime e, perante a luz do Infinito Amor de Deus, rompamos a clausura do “eu” e ouçamo-la também.
(Reformador, dezembro 1964, p. 270)