“A palavra do Cristo habite em vós ricamente.” — PAULO (Cl
Comumente nos referimos à penúria, qual se estivéssemos à frente de um monstro instalado em definitivo junto de nós, esquecidos de que o trabalho é infalível extintor da miséria…
Mencionamos conflitos como quem tateia chagas irreversíveis, sem ponderar que o amor opera a extirpação de todo quisto de ódio…
Comentamos provações, dando a ideia de que se erigem à condição de flagelos permanentes, distanciados do otimismo que funciona por dissolvente da sombra…
Reportamo-nos a enfermidades com tamanho luxo de minudências como se fossem males eternos, injuriando os princípios de saúde, capazes de restituir-nos a euforia…
Destacamos a parte menos feliz dos semelhantes com tanto empenho que fornecemos a impressão de rentear com seres irremissivelmente condenados às trevas, ausentando-nos do bem, à luz do qual todos nos redimiremos um dia.
Conversemos segundo a fraternidade e o bom ânimo que o Cristo nos ensinou a cultivar.
Imperfeições, desastres, doenças, desequilíbrios e infortúnios assemelham-se a meros borrões em nossos cadernos de experiência educativa, no aprendizado da existência transitória, a fim de senhorearmos os nossos títulos de herdeiros de Deus na vida eterna. Claro que apagaremos tais desdouros com a lixívia do nosso próprio sofrimento, mas não adianta ampliá-los através da exaltação emotiva ou do comentário inconveniente.
Em baixo, a Terra parece uma estância obscura, mas o Sol brilha acima…
Recordemos a exortação de Paulo:
— “A palavra do Cristo habite em vós ricamente.”
(Reformador, janeiro 1965, página 2)