A semente de mostarda

Capítulo I

A semente de mostarda



O rapaz abeirou-se do Mentor, mostrando-se evidentemente acanhado, e considerou em tom de pergunta:

— Instrutor, a sua bondade já nos disse, várias vezes, que os ensinamentos de Jesus, o nosso Divino Mestre, estão sempre iluminados para a compreensão do nosso entendimento… Entretanto, às vezes, esbarro com afirmativas d’Ele que me fazem pensar inutilmente, já que não lhes alcanço o sentido…

— Dê-me um exemplo — solicitou o interpelado com paciência.

— Disse-nos Jesus que se tivermos fé do tamanho de um grão de mostarda (Mt 17:19) (Lc 17:6) — continuou o jovem consulente — certa montanha, por nossa ordem, transportar-se-á daqui para ali; não crê o senhor que isso é um absurdo em confronto com a realidade?

— Meu amigo — explicou-se o Mentor — Jesus, por falta de comparações e palavras adequadas, legou-nos muitas lições em forma de símbolos e parábolas… Imagino que Nosso Divino Mestre tomou a imagem da montanha, como significado a nossos hábitos e preferências. Muitos defeitos, que ainda nos caracterizam, pesam sobre nós por montes de imperfeições que precisamos remover do mal para o bem…

— Mas — continuou o aprendiz — o senhor concordará que isso é uma observação puramente filosófica; desejo que o senhor me conduza para o domínio dos fatos reais.

O Instrutor meditou por alguns instantes em profundo silêncio e rematou:

— Caro amigo, se você pretende observar o poder de um agente pequenino, qual a semente de mostarda, sobre um corpo extenso de dificuldades que o desorienta ou perturba, acenda uma vela pequenina diante da escuridão.