A semente de mostarda

Capítulo XIV

Mordomias



— Estamos construindo um mundo novo — disse Cláudio ao jovem advogado que aderia ao trabalho do grupo, e sem criticar os costumes de vários países, desejaria conhecer o pensamento de Cristo sobre mordomias. Não me lembro de nenhuma passagem do Novo Testamento que nos conduza às ideias e opiniões do Divino Mestre, nesse sentido…

Um professor dos que se achavam presentes, tomou a palavra e informou:

— Jesus era contrário a semelhante sistema de privilégios inaceitáveis.

— Em que tópico será possível encontrar as conclusões a que o senhor terá chegado? Falou o rapaz…

O educador buscou um exemplar do Novo Testamento e em voz alta narrou a expressiva história de um homem avaro que se encontra no capítulo 12 entre os versículos 16:21 do Evangelho do Apóstolo São Lucas: (Lc 12:16)

— E Jesus disse-lhes a seguir esta parábola: “Havia um rico homem. Suas terras haviam produzido extraordinariamente e que se entretinha a pensar consigo mesmo, assim: Que hei de fazer, pois já não tenho lugar onde possa colocar tudo, o que vou colher? Aqui está, disse, o que farei: demolir os meus celeiros e construir outros maiores, onde depositarei a minha colheita e todos os meus bens. E direi à própria alma: Tens de reserva muitos bens para longos anos! Repousa, come, bebe e goza. Mas Deus, ao mesmo tempo, disse ao homem: Que insensato és!… Esta noite mesmo, tomar-te-ão a alma; para que servirá então o que acumulaste?”

E o professor rematou:

— Nesta parábola simples, Jesus ensinou o que pensava acerca de mordomias. O homem era rico, foi surpreendido pela produção abundante das suas próprias terras. Tão grande se lhe fizeram as facilidades que se propôs a levantar celeiros mais amplos, nos quais pudesse ajuntar a enorme colheita e todos os bens que possuía. Ele que já se achava provido do necessário, queria entesourar o supérfluo? Não encontramos aí as ilações do Mestre, com respeito às mordomias dos tempos modernos?

O jovem rapaz que acompanhava a leitura com grande respeito e atenção se manteve, então, em profundo silêncio.