Abrigo

Capítulo XVIII

Desfazendo sombras



Estendamos a sementeira de luz, através da dedicação ao trabalho com o Cristo, a fim de que a ignorância seja dissipada nos caminhos humanos.


Todo egoísmo não é senão inferioridade e primitivismo da alma que nos cabe suprimir com os recursos da educação.

Por toda parte, encontramos egoísmo na inteligência que se retrai nas furnas do comodismo, receando a luta sacrificial pela vitória do bem;

egoísmo na fortuna amoedada a concentrar-se nas mãos dos argentários que fogem à evolução;

egoísmo nos que dirigem, apaixonados pela volúpia do poder;

egoísmo nos que obedecem, recolhidos ao espinheiral da revolta, de onde prejudicam a ordem e a organização;

egoísmo nos mais experientes que se entrincheiram na intolerância e egoísmo nos mais jovens que tudo requisitam do mundo para a entronização do prazer.

Entretanto semelhante desequilíbrio não nasce senão da ignorância que arroja sobre a consciência dos homens a noite da cegueira.


Aprendamos a conhecer-nos na condição de usufrutuários das possibilidades da vida onde quer que nos achemos; saibamos receber o tempo e a existência por empréstimos do Pai Celestial, de que prestaremos contas; ofereçamo-nos ao conhecimento superior; impregnemos o coração no entendimento fraterno, como quem sabe que somos uma só família no círculo da Humanidade; e, buscando no próximo, um irmão de nosso próprio destino, segundo os padrões de Jesus, nele identificaremos a nossa melhor oportunidade de serviço, já que simbolicamente o próximo pode ser o degrau de nossa ascensão espiritual.

Nessa altura de nossas experiências, a luz da compreensão se nos entranhará no Espírito, e, então, extinto o nevoeiro da ignorância em torno de nossos próprios passos, o egoísmo cederá lugar ao amor, o amor com que nos movimentaremos na construção de um mundo mais elevado e mais feliz.