Constitui objeto de observação singular as circunstâncias do Mestre se referir, à essa altura dos ensinamentos evangélicos, à uma torre, quando deseja simbolizar o esforço de elevação espiritual por parte da criatura.
A torre e a casa são construções muito diversas entre si. A primeira é fortaleza, a segunda é habitação. A casa proporciona aconchego, a torre dilata a visão.
Um homem de bem, integrado no conhecimento espiritual e praticando-lhe os princípios sagrados está em sua casa, edificando a torre divina da iluminação, ao mesmo tempo.
Em regra vulgar, porém, o que se observa no mundo é o número espontâneo de pessoas que nem cuidaram ainda da construção da casa interior e já falam calorosamente sobre a torre, de que se acham tão distantes.
Não é fácil o serviço profundo da elevação espiritual, nem é justo apenas pintar projetos sem intenção séria de edificação própria.
É indispensável refletir nas contas, nos dias ásperos de trabalho, de autodisciplina.
Para atingir o sublime desiderato, o homem precisará gastar o patrimônio das velhas arbitrariedades e só realizará esses gastos com um desprendimento sincero da vaidade humana e com excelente disposição para o trabalho da elevação de si mesmo, a fim de chegar ao término, dignamente.
Queres construir uma torre de luz divina? É justo. Mas não comeces o esforço, antes de haver edificado a própria casa íntima.