Alma e Luz

Capítulo VIII

Mortos



Há sempre numerosos mortos em nossa luta de cada dia, convocando-nos às preces da diligência e da bondade em favor de cada um.

Mortos que sofrem muito mais [impassíveis] que os outros — aqueles que, [por vezes,] julgais sentenciados à cinza e à separação.

Há usurários que se sustentam, inermes, em túmulos de ouro.

Há dominadores do mundo que se mostram distraídos em seus imponentes sarcófagos de orgulho falaz.

Há juízes inumados em covas de lama.

Há legisladores mumificados em terríveis enganos da alma.

Há sacerdotes enterrados sob o catafalco adornado da simonia e administradores encerrados em urnas infernais de inconfessáveis compromissos.

Há jovens mortos no vício e velhos amortalhados no frio da negação.

Há sábios enrijecidos no gelo da indiferença e heróis paralíticos sobre a essa de fantasias e ilusões.

Há [criaturas] impulsivos em sepulturas de espinhos e [mentes] preguiçosos em sepulcros de miséria.


Se proclamardes a verdade perante todos eles, almas cadaverizadas no esquecimento da Divina Lei, decerto, responder-vos-ão com a inércia, com a ironia e com a imobilidade [e com a negação].

Para eles, [semelhantes retardados de espírito] pronunciou o Senhor as antigas palavras: — “Que os mortos [o cuidado de] enterrem os seus mortos”. (Lc 9:60)

Procuremos [pois,] a vida, descerrando nosso coração ao trabalho incessante do Bem Infinito…

Porque, na realidade, só aquele que aprende e ama [sempre], renovando-se incessantemente [para a Luz], consegue superar os níveis inferiores da treva, subindo, vitorioso, ao encontro da Vida Verdadeira com a eterna libertação.




(Brasil espírita, dezembro 1956, p. 3)

Essa mensagem, diferindo nas palavras marcadas e [entre colchetes] foi publicada em dezembro de 1956 na revista Brasil espírita e é a 65ª lição do 3º volume do livro “” da FEB.