Quando o aprendiz desditoso Contemplou toda a luz Que o Mestre lhe trazia, A Terra transformou-se Aos seus olhos em pranto. Renovado e feliz Reconheceu que a lama Era adubo sublime; Notou em cada espinho Uma vara de flores E descobriu que a dor, Em toda parte, é dádiva celeste. Assombrado, Viu-se, enfim, tal qual era Um filho de Deus-Pai Ligado em si à Humanidade inteira. Descortinou mil sendas para o bem No chão duro que lhe queimava os pés. Encontrou primaveras Sob o frio hibernal E antegozou colheitas multiformes Na sementeira frágil e enfermiça. Deslumbrando, Sentiu nas flores, estrelas mudas, Nas fontes, bênçãos do céu exiladas no solo, E nas vozes humildes da natureza O cântico da vida À Bondade Imortal. Abrira-se-lhe n’alma o Grande Entendimento… Não conseguiu articular palavra À frente do mistério. Somente o pranto De alegria profunda Orvalhou-lhe o semblante em êxtase divino. E, desde então, Passou a servir sem cessar, Dentro de indevassável silêncio, Qual se o Mestre e ele se bastassem um ao outro, Morando juntos para sempre, À maneira de duas almas Vivendo num só corpo Ou de dois astros A brilharem unidos, Em pulsações de luz, No Coração do Amor. |
Essa é a 14ª lição do livro “Antologia Mediúnica do Natal”, editado pela FEB em 1966.