Antologia Mediúnica do Natal

Capítulo LXV

Oração do Natal II



Rei Divino, na palha singela, por que Te fizeste criança, diante dos homens, quando podias ofuscá-los com a grandeza do Teu Reino?

Soberano da Eternidade, por que estendeste braços pequerruchos e tenros aos pastores humildes, mendigando-lhes proteção, quando o próprio firmamento Te saudava com uma estrela sublime, emoldurada de melodias celestes?

Certamente, vinhas ao encontro de nosso coração para libertá-lo.

Procuravas o asilo de nossa alma para converte-la em harpa nas Tuas mãos.

Preferias esmolar segurança e carinho para que, em Te amando, de algum modo, na manjedoura esquecida, aprendêssemos a amar-nos uns aos outros.

Tornavas-Te pequenino para que a sombra do orgulho se desfizesse em torno de nossos passos, e pedias compaixão, porque não nos buscavas por adornos do Teu carro de triunfo, como vassalos de Tua glória, mas, sim, por amigos espontâneos de Tua causa e por tutelados de Tua bênção…

E modificaste, assim, o destino das nações.

Colocaste o trabalho digno, onde a escravidão gerava a miséria, acendeste a claridade do perdão, onde a noite do ódio assegurava o império do crime, e ensinaste-nos a servir e a morrer, para que a vida se tornasse mais bela…

É por isso que, ajoelhados em espírito, recordando-Te o berço pobre, ofertamos-Te o coração…

Arranca-o, Senhor, da grade do nosso peito, enferrujado de egoísmo, e faze-o chorar de alegria, no deslumbramento de Tua luz!…

Conduze-nos, ainda, aos tesouros da humildade, para que o poder sem amor não nos enlouqueça a inteligência e deixa-nos entoar o cântico dos pastores quando repetiam, em pranto jubiloso, a mensagem dos anjos: — Glória a Deus nas Alturas, paz na Terra e boa vontade para com os homens!… (Lc 2:14)