Assim Vencerás

Capítulo XIX

Na representação cristã



Se aceitaste o Evangelho, por abençoado roteiro de aperfeiçoamento, não te esqueças da representação que nos cabe em toda parte.

A fé nos confere consolação, mas nos reveste de responsabilidade, a que não podemos fugir.

Somos embaixadores de Jesus onde estivermos, se a luz d’Ele é o clarão que nos descortina o futuro.

Não te esqueças de semelhante realidade para que a experiência religiosa não se te reduza à simples adoração improdutiva.

A estrada permanece descerrada a nós todos. Cada dia é nova revelação para que exerçamos a sublime investidura.

Se o Senhor desceu até nós, partilhando-nos senda obscura e viciosa, a fim de que nos levantássemos, aprendamos também a representá-lo nas regiões inferiores à nossa posição no conhecimento. Onde fores defrontado pela calúnia, sê a palavra amiga do esclarecimento benéfico.

Se o mal te visita, improvisa o bem, mobilizando a capacidade de ajuizar as situações, de planos mais altos.

Se a tristeza e o desânimo te procuram, acende a lanterna da coragem e resiste ao sopro frio do desalento, prosseguindo no trabalho que a vida te confiou.

Se a banalidade te busca, não a abandones, porque o cristão sincero é o educador que tudo aperfeiçoa para o brilho do infinito bem.

Se a leviandade te desafia, ajuda ao companheiro de jornada, orientando-lhe o pensamento para o que seja nobre e justo.

Se a treva tenta envolver-te, faze a claridade do otimismo, com as bênçãos do amor que auxiliam em todos os instantes.


Entretanto, se o embaixador humano é obrigado a longo curso de compreensão e tolerância, na ciência do tato e da gentileza, para não falhar nos compromissos que lhe são próprios, não creias que o emissário do Cristo deva agir sem os princípios da serenidade e do bom ânimo.

Colaboremos no bem comum, sem alardear notas de superioridade perturbadora.

Quanto mais claro se nos faça o raciocínio, mais alta a nossa dívida para com as sombras.

Quanto mais sublimes as nossas noções do bem, mais imperioso o dever de socorrermos as vítimas do mal.

O mensageiro do Cristo é o braço do Evangelho.

Se nos propormos ao serviço do Divino Mestre, descortinemos a Ele o próprio coração, a fim de que os seus desígnios imperem sobre o nosso roteiro e para que a nossa vida seja uma luz brilhante para quantos caminham conosco, onde estivermos.