Afinal, que possuímos que não devemos a Deus? A própria vida de que dispomos se reveste de tanta grandeza e de tanta complexidade, que só a loucura ou a ignorância não reconhecem a Divina Sabedoria em seus fundamentos.
Para a consideração disso, basta que o homem reflita no usufruto inegável de que se vale na mobilização dos bens que o felicitam no mundo.
O corpo que lhe serve de transitória moradia é uma doação dos Poderes Superiores, por intermédio do santuário genético das criaturas.
Os familiares se lhe erigem como sendo apoios de empréstimo.
A inteligência se lhe condiciona a determinados fatores de expressão.
O ar que respira é patrimônio de todos.
As conquistas da ciência, sobre as quais baseia o progresso, são realizações corretas, mas provisórias, porquanto se ampliam consideravelmente, de século para século.
Os seus elementos de trabalho são alteráveis de tempo a tempo.
A saúde física é uma dádiva em regime de comodato.
A fortuna é um depósito a título precário.
A autoridade é uma delegação de competência, obviamente transferível.
Os amigos são mutáveis, na troca incessante de posições, pela qual são frequentemente chamados a prestação de serviço, segundo os ditames que os princípios de aperfeiçoamento ou de evolução lhes indiquem.
Os próprios adversários, a quem devemos preciosos avisos, são substituídos periodicamente.
Os mais queridos objetos de uso pessoal passam de mão em mão.
Em qualquer Plano ou condição de existência, estamos subordinados à lei da renovação. À vista disso, sempre que nos vejamos inclinados a envaidecer-nos por alguma coisa, recordemos que nos achamos inelutavelmente ligados à Vida de Deus que, a benefício de nossa própria vida, ainda hoje tudo pode rearticular, refundir, refazer ou modificar.