Conta-se que o Senhor desejou levantar grande mansão destinada à moradia de certo orientador de encargos complexos, num mundo feliz, e para isso convocou algumas das Virtudes do seu Reino de Sabedoria e de Amor.
Apareceu a Geometria e escolheu o local no topo de um monte.
Veio o Cálculo e traçou os planos.
Chegou o Gênio das Invenções e ergueu máquinas que garantissem a segurança e o conforto na construção.
Surgiu o Equilíbrio e orientou a formação de pisos e vigas, cornijas e paredes, tetos e mirantes.
Destacou-se a Higiene, que cuidou de tudo o que se reportava ao asseio.
Veio a Beleza e decorou o palácio com imagens e cores de elevada significação.
A Cultura entrou em atividade e organizou valiosa biblioteca.
A Prudência compareceu e guiou a fabricação de portas e chaves.
A Alegria apareceu e plantou belo jardim.
Terminada a obra, o Senhor veio examiná-la mas não pareceu satisfeito.
Alguns dos aposentos eram sombrios e depois do entardecer a noite dominava todo o grande recinto. À vista disso, recomendou mais ampla cooperação dos Cimos e a Administração dos Céus enviou-lhe outra Virtude que não pedia qualquer consideração.
Abordou a paisagem, evitando os espelhos da popularidade e da fama, penetrou no castelo, sem perder tempo, e, lá dentro, esculpiu a tomada elétrica, retirando-se logo após.
Desde esse momento, a vivenda, tanto quanto quisessem os moradores, convertia-se em soberbo espetáculo de luz.
Multidões de curiosos cercaram a mansão, no intuito de algo perguntar a quem realizara semelhante prodígio, no entanto, não mais encontraram a mensageira. Souberam apenas que essa Virtude trazia o nome de Humildade.