Meus amigos, em favor da vitória do amor, que pretendemos atingir em nossos círculos doutrinários, não basta:
que a palavra se exteriorize, brilhante, da boca, impressionando agradavelmente os ouvidos;
que a consolação seja vertida pelo carinho fraternal dos outros sobre as úlceras da nossa alma;
que a emoção nos arrebate, momentaneamente, da superfície escura do planeta, às regiões douradas da beleza e do sonho;
que a admiração nos arranque interjeições gratulatórias, à frente do heroísmo alheio;
que a lâmpada dos amigos cheios de abnegação e coragem, nos empreste luz aos olhos cegos, por alguns momentos ou por alguns anos;
que o pão da caridade se multiplique para os nossos ideais de beneficência ou para nossos estômagos famintos;
que a água jorre, magnânima, de mananciais transitórios da Terra, atendendo aos nossos caprichos ou à nossa sede;
que o socorro do devotamento celestial se irradie na direção de nossas necessidades, salvando-nos, provisoriamente, de quedas fatais;
que fenômenos e maravilhas se improvisem aos nossos olhos assombrados, compelindo-nos a inteligência a novas atitudes e a novas atividades mentais…
É necessário que acima de todas as bênçãos, suscetíveis de serem recolhidas por nossas reclamações individualistas, se erga nosso coração para Jesus-Cristo, a cuja dedicação multimilenária devemos consagrar a própria vida, na renovação interior de nossa personalidade e na reestruturação do nosso destino, pela fraternidade, pelo trabalho incessante e pelo sacrifício de nós mesmos, em favor do mundo feliz e regenerado de amanhã.
(Psicografada em 23/10/1949 na União Espírita Mineira, na cidade de Belo Horizonte, M. G.)